Segredos de Plutão revelados por sonda

A sonda ‘New Horizons’ passou ontem a 12 500 quilómetros de Plutão, depois de ter deixado a Terra em 2006, num momento histórico celebrado no centro da NASA, em Baltimore, quando eram 12h49 em Lisboa. "Mais uma vez fomos os primeiros, os Estados Unidos são a primeira nação a atingir Plutão", disse o administrador da NASA Charles Bolden.

Com o tamanho de um piano e deslocando-se a 49570 km/hora, a sonda vai agora captar milhares de imagens. Só dentro de 16 meses chegarão todas à Terra. "Vai ser como abrir uma prenda de anos todos os dias", disse a cientista Bonnie Buratti. As primeiras imagens mostram uma espécie de coração brilhante e não só. "Podem ver-se regiões escuras junto ao Equador e outras muito brilhantes a norte deste. A superfície revela uma história de impactos. E neva em Plutão", disse o coordenador Alan Stern.

Entrevista:

Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, fala sobre chegada da sonda espacial da NASA perto de Plutão

"Vamos ver pela primeira vez a morfologia de Plutão"

CM – Qual a importância da passagem da ‘New Horizons’ perto de Plutão?

Rui Agostinho – O mais importante é que esta sonda vai permitir captar imagens e ver pela primeira vez a morfologia de Plutão e detalhes da superfície, para começar a fazer a geologia e a evolução histórica.

– E já se descobriu que é um planeta maior...

– Tem mais 24 km do que se pensava, e esta mudança tem implicações na densidade média do planeta, que é baixa, sendo riquíssimo em gelo. E também se sabe que tem uma atmosfera, apesar de pequena.

– Plutão foi despromovido a planeta anão depois de a sonda partir.

– Despromoção não, mas reconhecimento de que houve planetas dominantes na altura da criação, que dominaram a massa à sua volta, e outros que dividem a órbita.

– Vai saber-se se houve vida?

– Era preciso estar lá e analisar a parte química. Mas sem vestígios de ozono não terá havido vida.