Modelo portuguesa aproveitou a Web Summit para sensibilizar indústria da moda para o assédio sexual.
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A 'top model' portuguesa Sara Sampaio instou esta quinta-feira, na Web Summit em Lisboa, os modelos a denunciarem situações de abuso, salientando o poder que as redes sociais deram a estes profissionais e assumindo ter passado por situações desconfortáveis.
"Estás publicamente a denunciar alguém e é algo que a indústria [da moda] precisa, que se denuncie e se responsabilize as pessoas pelas suas ações", afirmou Sara Sampaio, no espaço Modum da cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo, que decorre no Parque das Nações.
Sara Sampaio defendeu a necessidade de "responsabilizar as pessoas pelas suas ações e não fingir que não aconteceu", fazendo referência ao caso do fotógrafo norte-americano Terry Richardson. "Toda a gente sabe que acontece e ninguém faz nada, toda a gente sabia do Terry Richardson e ninguém fez nada e agora usam-no como bode expiatório, é uma grande hipocrisia", acusou.
Ao longo dos anos tem havido rumores sobre o comportamento de Terry Richardson em sessões fotográficas, tendo recentemente algumas publicações e empresas de moda anunciado que iriam deixar de trabalhar com ele, pouco tempo depois de várias atrizes terem denunciado terem sido abusadas sexualmente pelo produtor norte-americano Harvey Weinstein.
Além de caber aos manequins denunciar os abusos, Sara Sampaio considera que há mais envolvidos que podem ajudar a parar as situações, caso das agências de modelos, "que não deviam enviar modelos para sessões com um fotógrafo que se sabe que é abusador", e as revistas, "que não deviam trabalhar com ele".
"Sabiam que era assim e trabalhavam com ele [Terry Richardson] e enviavam miúdas para trabalhar com ele", disse.
A completar dez anos de carreira, Sara Sampaio assumiu que sentiu "muitas vezes" que foi "levada a fazer coisas que não queria, que muitos diziam ser 'parte do negócio'", porque "quando és uma cara nova passas por muita merda".
"Por exemplo, devia ser 'ok' eu poder dizer que não quero mudar de roupa à frente de gente que não conheço, mas se peço um sítio mais recatado dizem que sou diva, não devia ser assim", afirmou.
Apesar de ter atingido o estatuto de 'top model', Sara Sampaio continua a passar por situações que considera abusivas. Na Web Summit recordou um episódio recente, que denunciou a 19 de outubro nas redes sociais. Lembrando que "todas as fotos de nu" que fez "foram muito controladas, escolhidas e pensadas", esclareceu que as fotografias em 'topless' publicadas na revista francesa Lui foram tiradas numa sessão que tinha feito "sob condição, que ficou em contrato, de não haver nudez".
Sara Sampaio reconhece que os 5,9 milhões de seguidores no Instagram a colocam num nível diferente das centenas de rapazes e raparigas que dão agora os primeiros passos como manequins, mas deixou claro que eles "também têm voz".
"As novas caras sentem que não têm voz, mas têm. As publicações nas redes sociais podem tornar-se virais, mesmo que não tenhas muito seguidores", referiu, destacando que com o Instagram, o Facebook e o Twitter os manequins "ganharam uma voz" na indústria da moda, onde deles se esperava apenas que "entrassem mudos e saíssem calados dos trabalhos, fazendo tudo o que lhes mandam".
"Os modelos têm agora esse poder, não podem forçar-te a fazer coisas, porque podes recorrer às redes sociais e denunciar. Quando começarem [as denúncias] é uma grande mudança na indústria que está prestes a acontecer", vaticinou.
A Web Summit termina esta quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.
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