Autarca de Vila Real apela a medidas para impedir redução de jornais no Interior
Grupo Vasp anunciou ajustamentos na distribuição de jornais diários.
O presidente da Câmara de Vila Real está preocupado com o retrocesso no acesso à informação, depois da Vasp anunciar ajustamentos na distribuição de jornais diários no Interior, e apelou à tomada de "medidas imediatas" pelo Governo.
"O município manifesta a sua profunda preocupação e total oposição a uma medida que representa um claro retrocesso no acesso à informação, um direito fundamental consagrado na Constituição da República Portuguesa", afirmou esta sexta-feira Alexandre Favaios.
A administração da Vasp confirmou na quinta-feira que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais que poderão ter impacto, já a partir de janeiro, nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
O autarca de Vila Real considerou "inaceitável que os territórios do Interior, já sujeitos a desafios significativos em matéria de coesão social e territorial, voltem a ser penalizados com a redução de serviços essenciais, como é o caso da distribuição de imprensa".
"Vila Real não aceitará que os seus cidadãos fiquem privados do acesso regular a jornais e revistas. Esta decisão põe em causa o direito à informação e agrava desigualdades que há muito combatemos. Não podemos permitir que o Interior seja novamente colocado em situação de desvantagem estrutural", salientou.
Alexandre Favaios apelou, por isso, que o Governo "tome medidas imediatas para assegurar a continuidade do serviço", e lembrou que o protocolo firmado em 2024 apontava para a correção das falhas existentes e que o concurso público internacional anunciado continua por concretizar.
"Apelamos a que o Estado assuma as suas responsabilidades. Vila Real e todo o Interior não podem ser esquecidos. A distribuição de imprensa é um serviço básico numa sociedade democrática e não pode estar dependente de critérios meramente económicos", reforçou.
E concluiu que o município se manterá "vigilante e disponível para colaborar com as entidades envolvidas, defendendo sempre os interesses dos vila-realenses e garantindo que o direito à informação não seja posto em causa".
Em comunicado, a Vasp referiu que "atravessa, neste momento, uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais, que colocam sob forte pressão a sustentabilidade da atual cobertura de distribuição de imprensa diária", no dia em que o Correio da Manhã noticiou que há "oito distritos em risco de ficarem sem jornais a partir de janeiro".
Também na quinta-feira, o ministro da Presidência afirmou que qualquer solução pública que ajude a assegurar a distribuição de imprensa no território nacional implicará sempre "mecanismos concorrenciais" e não passar cheques a uma empresa em concreto.
Para o Sindicato dos Jornalistas, "a medida anunciada, que entrará em vigor já no início de 2026, terá um impacto imediato no acesso à informação de várias regiões, especificamente no interior raiano", salientando que esta decisão "não afeta apenas o acesso à informação por parte da população, mas também compromete gravemente a estabilidade e os direitos dos jornalistas que trabalham no setor".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt