Espanha vai mesmo boicotar a Eurovisão em 2026 se Israel participar

Espanha é o primeiro país do grupo conhecido como "Big 5" a anunciar este boicote.

16 de setembro de 2025 às 12:11
A cantora Melody representou a Espanha na edição deste ano da Eurovisão, com a música ‘Esa Diva’ Foto: Martin Meissner/AP
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Espanha vai boicotar o Festival Eurovisão da Canção em 2026 se Israel participar, decidiu esta terça-feira o Conselho de Administração da RTVE, a televisão pública espanhola.

A proposta de boicote foi votada no Conselho de Administração e foi aprovada, "por maioria absoluta", com 10 votos a favor, quatro contra e uma abstenção, anunciou o presidente da RTVE, José Pablo López, numa publicação nas rede social X.

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"Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame", escreveu José Pablo López.

Espanha é o primeiro país do grupo conhecido como "Big 5" a anunciar este boicote.

Fazem parte dos "Big 5" as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e, assim, para a organização do Festival Eurovisão da Canção.

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Os "Big 5" são Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Itália e as canções destes países têm acesso direto à final em cada edição do festival.

Além de Espanha já anunciaram um boicote à edição de 2026, caso Israel participe, outros quatro países: Irlanda, Eslovénia, Islândia e Países Baixos.

Os boicotes devem-se aos ataques militares de Israel no território palestiniano da Faixa de Gaza, que o Governo espanhol classifica como um genocídio.

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Também uma comissão internacional independente de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou esta terça-feira Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra no território, em 07 de outubro de 2023, com a "intenção de destruir" os palestinianos.

"Nós chegamos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel", disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar esta terça-feira o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, já defendeu por diversas vezes, que Israel deveria ser excluído de competições desportivas e culturais internacionais, como aconteceu com a Rússia na sequência do ataque à Ucrânia em 2022.

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O diretor do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, disse na sexta-feira à agência de notícias AFP que cada membro da EBU pode decidir livremente se quer ou não participar no concurso e que essa decisão será respeitada.

"Compreendemos as preocupações e opiniões (...) relativas ao conflito em curso no Médio Oriente", afirmou Martin Green.

O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela EBU, a primeira aliança mundial de meios de comunicação social de serviço público, fundada em 1950, em cooperação com mais de 35 países, e da qual a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) faz parte.

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O concurso realiza-se anualmente desde 1956 e já houve países excluídos, caso da Bielorrússia, em 2021, após a reeleição do presidente Aleksandr Lukashenko, e da Rússia, em 2022, após a invasão da Ucrânia.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar, em 1973, e ganhou quatro vezes.

Na edição deste ano, em maio, em Basileia, Suíça, Israel ficou em segundo lugar.

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A presença de Israel no concurso foi contestada por artistas que já participaram no concurso e por países como Espanha e Finlândia.

Este ano, Israel foi representado por Yuval Raphael, uma das sobreviventes do ataque do grupo extremista islamita Hamas em solo israelita, em 07 outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar israelita sobre Gaza.

Desde 07 de outubro já morreram mais de 64 mil pessoas na Faixa de Gaza, na maioria civis, segundo números das autoridades locais controladas pelo Hamas que a ONU considera fidedignos.

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