Guilherme Costa quer inovar na RTP

“Acho um desafio profissional estimulante”, afirma o gestor do Porto ao CM. A presidência da RTP deverá ser assumida já em Janeiro e Guilherme Costa, que se mudará para Lisboa nessa altura, promete dar “continuidade ao excelente trabalho feito pela equipa do dr. Almerindo Marques”. “Estou certo de que a RTP tem recursos e pessoas capazes de cumprir o objectivo e tornar a empresa cada vez melhor”, adianta.

Guilherme Costa, mentor do Programa Contacto (visava formar jovens gestores no estrangeiro), um dos mais criativos projectos realizados durante a sua presidência no ICEP, admite ao nosso jornal que “como em qualquer projecto há sempre muito a fazer. Há que inovar” – é o que promete para a RTP.

Conhecido entre os amigos mais próximos por ‘Mr. William’ – “dado o humor inglês e a ironia no olhar, às vezes maroto e malandreco”, como o define o amigo e presidente da Casa da Música, José da Fonseca –, Guilherme Costa ainda não definiu a administração com quem trabalhará. “As equipas têm de ter o acordo do accionista. Não estou a dizer que me foram sugeridos nomes, mas sim que tem de haver um acordo”, explica. A nova administração já está pensada? – questionámos. O gestor responde: “Como os políticos dizem: nem confirmo nem desminto”.

Figura assídua nas manhãs de sábado no bar Homem do Leme, na Foz do Porto, onde lê a Imprensa, Guilherme Costa tem, segundo o jornalista e também amigo Carlos Magno, “uma grande qualidade: fazer consensos à sua volta”. Magno e José da Fonseca são unânimes em destacar as capacidades de “liderança e relacional”, bem como de “produzir ideias que dão grandes resultados”.

A escolha de Guilherme Costa, disse José Sócrates, recaiu num gestor que “dá garantias de independência, isenção, autonomia e rigor financeiro”.

LEÃO IMPÕE COLEGAS PARA FICAR

Ponce Leão impôs como condição para integrar a futura administração a continuidade dos colegas Costa e Silva e Luís Marques. O vice-presidente da RTP confirmou ao CM que o ministro Santos Silva o convidou para manter o cargo na equipa de Guilherme Costa.

Ponce Leão, que teve duas reuniões com o governante e só ontem soube da escolha – decidida quarta-feira da semana passada – do sucessor de Almerindo Marques, acertou um encontro, para a semana, com o futuro presidente, que também quer a sua continuidade.

Leão, para permanecer na RTP, disse ao ministro e ao novo presidente que só aceitará no caso de se verificar “a manutenção dos meus colegas actuais, pelo trabalho fantástico que têm feito, bem como do quadro directivo”. De contrário, Leão, que ontem renunciou ao cargo, tal como Silva e Marques, sairá mesmo da RTP, acabando, assim, a continuidade anunciada e defendida pelo ministro.

Manuel Guilherme Oliveira da Costa nasceu em 1951 no Porto. Em 1973, licenciou-se no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e mais tarde tirou uma pós-graduação em Economia e Finanças Internacionais, na Universidade de Paris. Foi até ontem administrador não executivo do Grupo Impresa e membro do Conselho Fiscal da Sonae. Presidiu, por exemplo, ao ICEP (Investimento, Comércio e Turismo de Portugal), à Portucel Viana S.A., Sonae Indústria S.A. e Soporcel S.A.

Filho de um antigo dirigente do Leixões, Guilherme Costa é casado com Dina e tem dois filhos que frequentam a universidade. O gestor, considerado pelos amigos culto e moderno, tem também uma forte ligação à Universidade Católica do Porto, onde dá aulas. Guilherme Costa continuará a colaborar com a instituição, embora não saiba se a leccionar. Tido como próximo do Partido Socialista, diz que nunca teve ligações partidárias.

BALSEMÃO ELOGIA

Pinto Balsemão tem “uma excelente opinião sobre a competência e independência” de Guilherme Costa, até agora administrador não executivo da Impresa. O futuro presidente da RTP tinha sido eleito como independente e como membro da comissão de auditoria do grupo liderado por Balsemão, que se congratula com o facto de a entrada de Guilherme Costa na Comunicação Social se ter processado através do grupo detentor da SIC.

A VISÃO DE MENEZES

O PSD, que só se pronuncia sobre a futura administração da RTP depois de conhecer o seu conjunto, apresentará, nas próximas semanas, a sua visão sobre o modelo de gestão para a empresa, o qual, disse Luís Filipe Menezes, “se coaduna com um país moderno”. O líder social-democrata disse ainda aos jornalistas que temia “o afastamento de alguns elementos da equipa da RTP”.