Jeff Bezos limita opinião no ‘Washington Post’

Jeff Bezos, o proprietário alegadamente “não intervencionista” do ‘Washington Post’, enviou esta quarta-feira de manhã um email aos funcionários do jornal sobre mudanças na secção de opinião, que quer alinhar mais de perto com a política de direita de Donald Trump.

Na missiva, Bezos informa que nas páginas de opinião do diário passará a “escrever-se todos os dias em apoio e defesa de dois pilares: liberdades pessoais e livre mercado”. “Também cobriremos outros tópicos, é claro, mas pontos de vista opostos a esses pilares serão deixados de fora. Houve um tempo em que um jornal poderia ser visto como uma forma de levar à porta do leitor todas as manhãs uma secção de opinião ampla que buscasse cobrir todas as visões. Hoje, a Internet faz esse trabalho”, declarou o também fundador da gigante do comércio Amazon.

A decisão de Bezos resultará na saída do editor de opinião David Shipley, embora não tenha ficado claro se foi demitido por resistir à direção ou se renunciou ao cargo. “O nosso país não chegou aqui por ser típico. E grande parte do sucesso da América tem sido a liberdade no reino económico. A liberdade impulsiona a criatividade, a invenção, a prosperidade”, lê-se no texto do magnata.

Casa Branca decide quem faz perguntas

As alterações introduzidas por Jeff Bezos no ‘Washington Post’ surgem em paralelo com as novas diretrizes da Casa Branca, que irá passar a decidir que jornalistas podem fazer perguntas a Trump, tarefa que até agora cabia exclusivamente à Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA). Ironia do destino, a WHCA foi fundada em 1914 pelos jornalistas em resposta a um rumor de que uma comissão do Congresso queria decidir quais os repórteres que podiam assistir às conferências de imprensa do então Presidente, Woodrow Wilson.