Onda de fusões e aquisições vai chegar às telecom europeias
Consolidação poderá reforçar a sua competitividade e a expansão para outros mercados.
As empresas de telecomunicações europeias deverão preparar-se para a maior onda de fusões e aquisições em décadas, segundo um estudo da consultora Oliver Wyman.
A "grande fragmentação" das empresas europeias, em comparação com os grupos de telecomunicações dos Estados Unidos e da China, é um entrave à capacidade de investimento das operadoras europeias em infraestruturas e serviços digitais.
A consolidação, especialmente através do modelo de operações transfronteiriças, poderá reforçar a sua competitividade e a expansão para outros mercados, "tornando-as mais rentáveis e sustentáveis ao longo do tempo", indica o relatório.
Dados citados pela consultora indicam que o número médio de assinantes por operadora europeia é de apenas cinco milhões, contra 107 milhões de clientes, em média, nas empresas norte-americanas, e 467 milhões nas empresas chinesas.
A receita média mensal por utilizador, gerada pelos serviços fixo e móvel na Europa, é menos da metade da dos EUA, e a despesa de capital (CAPEX) per capita é de apenas 109 euros, enquanto no mercado norte-americano é de 174 euros.
Para os autores do estudo, o ambiente regulatório europeu, que tradicionalmente tem limitado o número de operações de fusões e aquisições no setor, encontra-se em fase de mudança, com os reguladores a adotarem "uma postura cada vez mais flexível" que favorece as concentrações.
"Influenciados pelos relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta, permitem que as operações avancem por meio de 'soluções conciliatórias', em vez de bloqueios diretos, com o objetivo de acelerar essas mudanças para 2028, em vez de 2030", sustentam.
O estudo da Oliver Wyman detalha cinco cenários de fusões e aquisições desenhados para aumentar a escala das operadoras europeias, desde megafusões até alterações de portfólio.
No primeiro cenário, os mercados europeus com cinco ou seis empresas caminham para uma maior concentração, com três ou quatro 'players' dominantes, favorecendo "a escala e a eficiência" e reforçando "a capacidade de investimento e a rentabilidade", embora enfrentando processos regulatórios demorados que podem implicar a venda de ativos e a partilha de infraestruturas.
No segundo cenário, as empresas desinvestem em ativos não estratégicos para se concentrarem em áreas com maior potencial de crescimento e, no terceiro, exportam os seus modelos de negócio e a sua experiência para novos mercados.
A aquisição de serviços digitais, sobretudo no segmento B2B por meio de soluções em nuvem, IoT, cibersegurança e outras ofertas digitais corresponde ao quarto cenário.
O quinto, e último cenário, antevê uma inversão do desinvestimento feito nas infraestruturas de telecomunicações ('carve-out'), como torres e fibra, entrando-se agora numa nova fase de consolidação entre empresas de fibra e de fornecedores alternativos de rede, assim como de fusões transfronteiriças entre empresas de torres com vista à "formação de conglomerados regionais ou pan-europeus".
Segundo o relatório da Oliver Wyman, as operações de consolidação nacional registam "o valor médio de transação mais elevado do setor, atingindo 2.100 milhões de euros", enquanto as operações de 'carve-out' e de consolidação de infraestruturas apresentam "um valor médio de 600 milhões de euros".
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