Presidente do Grupo Renascença defende uma reformulação urgente da medição das audiências de rádio
Conferência da ERC reuniu esta semana os líderes dos principais grupos de media, entre eles Paulo Franco.
O cónego Paulo Franco, presidente do Grupo Renascença, defendeu uma reformulação urgente da medição das audiências de rádio, criticando o atual sistema, que considera muito "frágil" e que só produz resultados a cada três meses, estando por isso totalmente desadequado aos novos tempos, realidades e aos desafios que se impõem às empresas do setor.
"Continuamos com estratégias de medição de rádio que têm quase 40 anos, com poucas evoluções ao longo do tempo e sem capacidade de termos resultados on-time, ao contrário do que acontece com a televisão e os meios digitais", afirmou o responsável do grupo que detém a Renascença, a RFM e a Mega Hits durante a conferência dos 20 anos da ERC, que esta semana decorreu em Lisboa e reuniu os líderes dos maiores grupos de media em Portugal.
"A realidade atual dos meios e dos conteúdos que estes disponibilizam está em constante transformação e é complexa, porque o sucesso depende de um conjunto de variáveis que não dominamos nem controlamos, como é o caso do consumo dos produtos", acrescentou, considerando que a rádio está atualmente a enfrentar uma luta "desigual" relativamente à concorrência das gigantes tecnológicas, como a Meta, a Google ou o Spotify, e com uma dependência muito grande dos algortimos, sobre os quais "não há qualquer controlo".
Uma posição convergente com a de Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialivre, que detém a Correio da Manhã Rádio.
"O atual sistema de medição de audiências na rádio contraria o nosso ADN. Sabermos o impacto do nosso trabalho a intervalos de 3 meses é ridículo numa indústria que movimenta tanto dinheiro em publicidade e que gera tantos empregos. Piora o serviço, cria insegurança nas decisões editoriais e de gestão de investimento. Só serve para premiar mediocridade e eternizar privilégios", enfatizou.
Defende, por isso, uma alteração profunda no sistema de auditoria. "Medições com este grau de subjetividade, e sobretudo tão espaçadas, com meses de intervalo, mais não fazem do que reduzir o mérito e cristalizar falsas hierarquias. Todos os players, as agências e os anunciantes têm de fazer uma reflexão séria sobre este tema. A rádio não pode ser o parente pobre da indústria dos media", defende.
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