RTP COMPRA CANAL NTV MAS CORTA NO ORÇAMENTO INTERNO

A RTP vai assumir a totalidade do capital da NTV, foi anunciado ontem através de comunicado enviado pela estação estatal. Entretanto, a nova administração presidida por Almerindo Marques está também a preparar uma medida de redução de custos, pretendendo reduzir cerca de 30 por cento nos orçamentos das direcções de informação e programas.

09 de agosto de 2002 às 23:00
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A medida de contenção alarga-se ao Centro de Produção do Porto, RTP-Açores e RTP-Madeira e já foi apresentada aos responsáveis da estação. O novo orçamento deve estar pronto para ser entregue ao Governo em meados de Setembro.

Quanto ao controlo da NTV por parte da RTP foi decidido ontem, depois de concluído um acordo com a PT Multimédia. A televisão pública, que detinha 25 por cento do capital da empresa Porto TV- NTV desde o início, adquiriu os restantes 75 por cento passando assim a assumir a responsabilidade total pela gestão, incluindo orçamento e programação. Tanto da parte da RTP como da PT-Multimédia foi recusado divulgar o custo do negócio, mas sabe-se que a medida foi proveitosa para ambas as empresas, uma vez que assinaram um protocolo de intenções para o desenvolvimento de conteúdos para as plataformas da TV Cabo.

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MEDIDAS URGENTES

Fonte da RTP garantiu ao CM que a redução de custos “é uma medida obrigatória num quadro de contenção que a empresa tem de manter”. A actual administração já fez saber que vai avançar com medidas para reduzir entre 20 a 30 por cento nos custos gerais de funcionamento da empresa e solicitou aos responsaveis pelos vários departamentos uma avaliação tendo em vista a necessidade de redução de despesas, incluindo “recursos e pessoal”. A direcção de informação e de programas parecem, para já, ser as mais afectadas. Emídio Rangel, actual director-geral de Antena, manifestou o seu desacordo, alertando para o possível “não cumprimento do serviço público”. Sobre o futuro de Rangel, nada foi adiantado e fonte da RTP garantiu que “continua a fazer o seu trabalho”.

A racionalização em curso alarga-se ainda aos sectores de produção e gestão de meios móveis. As participadas Fo & Co e EDIPIM, para além do Centro de Produção do Porto estão agora na mira. Em nota, a RTP anuncia que foi nomeado um Grupo de Trabalho interno que, até 15 de Setembro, fará o levantamento da situação operacional das empresas e identificará “os problemas da actual gestão, os meios de produção e meios móveis”. Esse grupo é constituído por quadros da RTP: Ismael Augusto (Director de Engenharias e Tecnologias), José Lopes de Araújo (Administrador delegado da Fo & Co), Elísio de Oliveira (Director Comercial Operacional da Fo & Co) e José Castro Ribeiro (Subdirector de Produção e Programas do Centro de Produção do Porto).

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CORTES

A Administração presidida por Almerindo Marques fez circular um ofício interno anunciando a necessidade de reduzir cerca de 30 por cento nos custos gerais de funcionamento. Recursos e pessoal vão ser revistos à lupa. As direcções devem aumentar as suas receitas em relação a anos anteriores.

AVALIAÇÃO

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As produtoras participadas da RTP, Fo & Co, Edipim e Centro de Produção do Porto, estão na mira da nova administração. Até 15 de Setembro será apresentado um relatório sobre a gestão e situação operacional e serão também avaliadas novas medidas de funcionamento.

‘VOCAÇÃO PARA CANAL DE NOTÍCIAS’

Para Dinis Sottomayor, actual director de informação da NTV, “esta medida agora assumida pela RTP vai potenciar a vocação da NTV como canal de notícias para a região Norte”.

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Dinis Sottomayor disse ao CM que a entrada da RTP na gestão do canal “vem permitir que a NTV possa dispor de conteúdos e meios das delegações do Norte da televisão estatal e que a NTV possa também disponibilizar a sua própria produção e conteúdos para a RTP”. Trata-se, no fundo, de uma oportunidade para potenciar as sinergias dos dois canais, que agora vão “passar a funcionar em conjunto”.

Ainda ontem, ao final da tarde, a direcção da NTV teve um encontro na RTP para discutir a nova estratégia.

Apesar de não terem sido veiculadas novidades sobre as intenções de programação, o comunicado da RTP fazia menção à necessidade de manter a actualidade da NTV ligada aos temas do Norte, nomeadamente do Grande Porto.

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Para Luís Marques, administrador da RTP, a NTV tem de continuar a marcar posição como “um canal do Norte para o País”.

A estação pública vai também manter “em vigor o contrato de distribuição entre a NTV e a TV Cabo” e manifesta a intenção de passar a avaliar os níveis de remuneração “em função da performance do canal temático do Norte” que seria medida através das audiências.

O que, neste momento, é um cenário que poderá agradar a todas as partes, uma vez que as audiência da NTV têm vindo a subir progressivamente. Após um início conturbado, a estação assistiu a um aumento consistente do share e que culminou em Julho último com uma vantagem sobre a SIC Notícias em horário nobre (das 21h00 às 24h00) e no horário entre as 19h00 e as 26h00 (02h00) na zona do Grande Porto.

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No mês passado, a NTV conseguiu 7,5 por cento de share no período entre as 19h00 e as 02h00 - a SIC Notícias atingiu os 6,8 - e em horário nobre 10,2 (contra 7,7).

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