Rui Cartaxana, jornalista sem medo

Rui Cartaxana, colunista do Correio da Manhã e antigo director do ‘Record’, morreu ontem de manhã em Lisboa. Conhecido por ser um jornalista sem medo, Cartaxana completaria 80 anos no dia 8 de Setembro.

25 de julho de 2009 às 00:30
Rui Cartaxana, jornalista sem medo Foto: Pedro Ferreira, Record
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Nasceu na Beira, Moçambique, e aos cinco anos veio para Portugal. Mais tarde voltou e iniciou a carreira no ‘Diário de Moçambique’. João Querido Manha, que trabalhou anos com o "benfiquista assumido", recorda: "Era um apaixonado pelo jornalismo. Mais do que pelo desporto." Mas é a "determinação" do homem que "modernizou o ‘Record’ que sublinha.

Ricardo Tavares, actualmente no CM, fez parte da equipa de Cartaxana no desportivo. Lembra-o como um jornalista que "enfrentava os batoteiros, denunciava os casos que os cobardes escondiam. Dava notícias, mesmo que colocassem em causa o presidente sicrano ou o empresário beltrano. Por tudo isto, Rui Cartaxana, um jornalista de ‘J’. nunca precisou de tomar Alka-Seltzer".

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Luís Óscar, editor--chefe do ‘Record’, salienta: "Foi uma pessoa decisiva para o ‘Record’".

O corpo está em câmara ardente a partir das 17h00 na Igreja dos Olivais. O funeral realiza-se amanhã às 11h00 no cemitério dos Olivais.

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"Um apresentador de TV, de prosa coxa (...), escrevia uma violenta catilinária contra ‘dois clubes de Lisboa’ (7 de Março de 2009)

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Conheci pessoalmente o Rui Cartaxana em Outubro de 1978, por intermédio do Vítor Direito (então chefe de Redacção do ‘Portugal Hoje’), quando me preparava para ser o primeiro director do semanário do PS, Acção Socialista, e precisava de encontrar um bom jornalista profissional que me ajudasse a estruturar e a lançar o novo jornal em tempo recorde. E assim sucedeu.

O Rui Cartaxana e eu ficámos desde logo bons amigos e conseguimos publicar o primeiro número do novo semanário em 30 de Novembro de 1978 – eu como director e ele como chefe de Redacção, ambos em part time. Foram cinco anos de colaboração muito profícua, a produzir um pequeno jornal partidário por acaso bastante polémico dentro do próprio PS, como não seria concebível em qualquer outro partido.

Em 1983 fui para o Governo e em 1986 para a Presidência da República. A nossa parceria desfez-se, mas não a estima pessoal. Foi com admiração que acompanhei, enquanto leitor, o notável trabalho do Rui Cartaxana como director do ‘Record’, entre 1986 e 1998. Ergueu o trissemanário das próprias cinzas e transformou-o em diário, a vender mais de 100 mil exemplares por dia. E ainda foi ele quem, em 1998, me convenceu a arranhar prosa sobre futebol, semanalmente, no seu jornal.

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Em 2002, o Rui Cartaxana deu-me o prazer de apresentar, na Trindade, o meu livro ‘O futebol visto do sofá’, que incluía muitas crónicas semanais que eu escrevera no ‘Record’. Guardámos intacta uma coisa em comum: a paixão pelo jornalismo, que ambos aprendemos nessa velha escola de Liberdade que sempre resistiu à Censura.

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