Sócrates terá plantado conversas para descredibilizar investigação do caso 'Face Oculta'
No livro ‘Insubmisso’, o antigo inspetor Teófilo Santiago recorda aquilo que apelida de uma “campanha suja”.
Foram inúmeras as acusações e os obstáculos que se levantaram após José Sócrates ter surgido em 2009 nas escutas do caso ‘Face Oculta’. No livro ‘Insubmisso’ - cujos excertos o Correio da Manhã revela esta semana -, o antigo inspetor Teófilo Santiago recorda aquilo que apelida de uma “campanha suja”. As conversas intercetadas revelavam que o primeiro-ministro pretendia controlar a comunicação social.
“Desde as hipotéticas violações do segredo de Justiça até às acusações gravíssimas sobretudo pela posição que os «agressores» ocupavam na vida judicial e política, de que a equipa investigadora e os magistrados teriam agido na ilegalidade. Tudo disseram, sem qualquer espécie de travão. Acusaram-nos de ter feito «espionagem política», seja lá o que isso for ”, conta o ex-diretor da PJ de Aveiro.
Eduardo Dâmaso, jornalista e coautor do livro, lembra que tudo foi feito para tirar Sócrates do processo. Considera que foi o mais grave ataque feito à separação de poderes em 50 anos de democracia. “A verdade é que neste caso não havia conspiração nenhuma - ou espionagem, como lhe chamaram figuras tão relevantes do PS, em particular o então ministro Vieira da Silva. Pelo contrário, parece ter havido espionagem contra os protagonistas da investigação e jornalistas”, lembra Eduardo Dâmaso, que destaca a condenação de Armando Vara a cinco anos de prisão por favorecer as empresas de Godinho. “Ficou Armando Vara para prova de que a impunidade total nem sempre está assegurada e que ainda há gente com coragem e saber na defesa de alguns valores próprios do Estado de Direito Democrático”, lê-se.
A obra - apresentada amanhã na Feira do Livro de Lisboa - revela que Sócrates soube que estava a ser escutado. Foi depois plantada uma conversa entre Rui Pedro Soares e Paulo Penedos. “Nesta conversa de forma inábil e atrapalhada tentaram desdizer e tirar credibilidade a dezenas de conversas, onde se referiam de forma clara e inequívoca à trama que estavam a urdir e aos objetivos a atingir. O «pai» desta ideia foi o Dr. Paulo Bernardino, um antigo quadro superior da PJ e meu colega”, conta Teófilo.
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