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Correio da Manhã

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Dora, a espectadora: RTP e os auto-golos

Seja medíocre (a regra) ou de qualidade (a exceção) o produto televisivo da RTP não é acarinhado, publicitado, apoiado e promovido pela própria estação.
Dora e a Espectadora 31 de Março de 2023 às 01:30
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A RTP tem um produto ‘premium’ que são os jogos da Selecção Nacional. A caminhada para o Europeu começou em Alvalade contra o Liechtenstein. No comentário um especialista: António Tadeia. Na reportagem um fora de série: João Pedro Mendonça. Na, chamemos-lhe, narração um perfeito inábil: Gonçalo Ventura. Nada que não fosse corrigido no jogo seguinte (com a chamada de Alexandre Albuquerque) mas para quê este martírio de insistir no Ventura? Não chegou a fraca figura na abertura do Mundial de Futebol? O relato do jogo foi paupérrimo, as figuras de estilo usadas um disparate, o recurso a sinónimos de ‘parede’ para definir a defesa do adversário um exagero: ‘muro’, ‘muralha’, ‘muro alpino’, ‘metros murados’, ‘muro humano’ são apenas exemplos.

Mas tudo estaria menos mal se só o Ventura marcasse golos na baliza errada. O problema é a sistemática propensão para o disparate: nisso a estação pública é muito criativa. E um dos mais eloquentes sinais dessa criatividade é a falta de capacidade de promover o seu produto.
Seja medíocre (a regra) ou de qualidade (a exceção) o produto televisivo da RTP não é acarinhado, publicitado, apoiado e promovido pela própria estação.

Alguns exemplos? Em semanas recentes a ‘Praça da Alegria’ sobressaiu em termos de resultados de audiência mas continuou votada à clandestinidade (característica, aliás, dos programas que são produzidos pelo Centro de Produção do Norte da RTP mas essa é conversa para outro dia).
‘O Preço Certo’, o único programa de sucesso da estação pública, está (finalmente) sob ataque cerrado da concorrência da TVI mas não tem uma campanha ou uma alteração pontual de formato que o torne mais apelativo.

A RTP exibe concursos de talentos mas não cria personagens que tenham existência fora do programa (nas revistas, nas redes sociais, nas conversas de café) que prolonguem o show e aumentem a sua audiência.

Depois vem sempre a conversa dos responsáveis de que "as audiências não contam" que são o equivalente a ter uma orquestra e dizer que "a afinação não conta".

Que outro serviço público se pode dar ao luxo de dizer com aparente orgulho e sem consequência que não tem clientes? E até quando?

25º round
Goleada de ‘Perplexidades’ sobre ‘Tinto no Branco’. Moniz regressa com mais uma vitória e reduz a sua desvantagem para 13-11. Um score esmagador numa semana que até teve motivos para comemoração em Queluz: apenas por uma vez a RTP ficou à frente da TVI nos jornais da hora do almoço e do horário nobre. Há muitas semanas que esta fuga ao último lugar das audiências de informação das generalistas não sorria à TVI.

19 de março de 2023
O dia foi de atualidade noticiosa forte com o inesperado falecimento do Comendador Rui Nabeiro. Para a história das audiências televisivas fica mais uma data em que a CNN Queluz foi ultrapassada pela SIC Notícias como segundo canal de notícias mais visto. Foi a primeira vez que aconteceu desde os dias 7 e 10 de dezembro de 2022. Nesses dias houve, respetivamente, enormes cheias na região de Lisboa e a eliminação de Portugal do Mundial de futebol. O que atrapalha mesmo a CNN Queluz é o incómodo destas notícias que não vêm na agenda...

Eu não avisei?
Há apenas uma semana eu tinha aqui dito e mostrado que a TVI/CNN Queluz tinham transformado o alemão Roger Schmidt no inglês Roger Smith a caminho de ser o português Rogério Semedo. Esta semana já o tratam por Schmid. Está quase! Vocês conseguem!

FADE IN...
ISABEL SILVA
Está desde sábado ao leme de (mais) um programa da RTP que parece saído de uma época na qual ela ainda não tinha nascido. Mas isso não diminui em nada as suas capacidades. Isabel é empática, naturalmente feliz, respira comunicação e uma energia boa e inesgotável. Com um mínimo de inteligência e atenção estaria descoberta a solução para o naufrágio das tardes da RTP. Isabel Silva tem asas para voar alto: assim não lhe sejam cortadas!

FADE OUT...
RTP 3, 2, 1, ZERO!!
Em pleno século XXI a RTP continua a ser um canal experimental onde qualquer amador pode ter uma oportunidade. Uma recente coqueluche é esta Maryline Sales que está patente ao público, de forma intermitente, na RTP3. Maryline parece o rascunho de um casting. Só que está ‘no ar’ e é aí que imortaliza preciosidades como tratar o Liechtenstein por Laichten , trocar o nome a convidados ou conseguir titubear quase todas as palavras que tenham mais do que quatro sílabas. Se é certo que a RTP3 é um canal que quase ninguém vê, não é menos verdade que todos a pagamos. A RTP só não é a próxima TAP porque as atenções estão viradas para outros lados e a menos culpada é a Maryline que foi atirada às feras.
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