Jani Zhao vê na representação "um ato político"

A atriz portuguesa vai estrear-se agora em Hollywood, em dezembro e considera que a representação é um veículo para lutar por diversas causas

28 de novembro de 2023 às 16:17
Jani Zhao Foto: Instagram
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Jani Zhao Foto: Direitos Reservados
Jani Zhao Foto: Liliana Pereira
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Jani Zhao

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Ao fim de cerca de 15 anos de carreira na representação, Jani Zhao, de 31 anos, vai estrear-se pela primeira vez em Hollywood, pois faz parte do elenco da produção norte-americana 'Aquaman e o Reino Perdido', de James Wan, que estará disponível nos cinemas a 21 de dezembro.

"Claro que é divertido ter conseguido chegar lá fora, estar em Hollywood, começar aqui uma carreira internacional, mas para mim, sobretudo, são os passos concretos nesta luta, nesta missão de que podemos ser diversas coisas e de começar a convocar as pessoas para criar outras narrativas. Eu acho que isso é importante, ir lá, ao lugar do outro", expressou a atriz numa entrevista à 'Agência Lusa' dando conta que a participação neste projeto aconteceu depois de ter estado em 2017 no programa português 'Passaporte', que a colocou em contacto com diretores de 'casting'.

Apesar de não poder falar muito sobre o filme antes da estreia, Jani Zhao dá vida a Singray. "Não posso dizer com quem contracenei, porque não vão perceber tudo já imediatamente. [...] Eu diria que [Stingray] é uma figura assim muito intimidante", disse a atriz que confessa que "pagaram muito bem".

Porém, com a participação da atriz neste filme, esta sente que deu mais um passo numa missão pessoal sobre aquilo que representa e o tipo de narrativas que defende. 

"Até hoje, apesar de já ter uma carreira bastante sólida em Portugal, eu sou sempre vista como uma estrangeira. Isto porque a mentalidade [portuguesa] ainda está em reconstrução, os anos da ditadura ainda se sentem muito na sociedade, os 'brandos costumes'. E, de facto, os anos todos de colonialismo ainda estão muito intrínsecos na cultura portuguesa. E isso sente-se. Eu, que sou portuguesa tanto como tu, não sou considerada portuguesa aos olhos de muitos portugueses", reconhece a atriz que nasceu em Leiria, filha de pais chineses emigrados em Portugal.

"Até há muito pouco tempo, eu tinha de ter uma justificação para existir. A minha personagem tinha de ter toda uma história inventada que justificasse a minha existência. E, neste momento, aquilo que eu procuro é que, de facto, isso não tenha de acontecer", explicou a atriz que no início de carreira apenas interpretou personagens asiáticas, tais como, Sandra Chung numa temporada da série "Morangos com açúcar", Susana Wang na telenovela "Jogo Duplo", ou Chung Li no filme "Cabaret Maxime", de Bruno de Almeida..

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"O que é que são estes projetos que fiz e que vou fazer e que têm uma grande importância no trajeto? A minha fisionomia não ser relevante para as personagens que estou a encarnar. Não é de todo relevante", rematou a atriz que assumiu querer entrar em projetos que promovam outras narrativas, a luta das minorias e ainda que representem a diversidade da sociedade, referindo que tudo é "um ato político".

"É importante trazer também para o cinema português, para a ficção portuguesa, para o audiovisual português, porque essas pessoas fazem parte da sociedade portuguesa. E é isso que procuro. Procuro trabalhos com condições justas. E com pessoas... com boa gente", rematou a atriz.

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