Julgamento: vítima conta como Harvey Weinstein a chantageou para ficar calada
Modelo polaca Kaja Sokola faz depoimento emocionado em tribunal. E Gwyneth Paltrow e Penelope Cruz estão ao barulho.
A modelo polaca Kaja Sokola, uma das vítimas de Harvey Weinstein, contou na quinta-feira em tribunal como o mega produtor de Hollywood, que está de volta ao banco dos réus para novo julgamento, abusou dela e a chantageou psicologicamente para a manter em silêncio.
Hoje com 39 anos, Sokola revelou que depois de ter sido agredida, com apenas 16 anos, teve vontade de gritar e denunciar os abusos, mas revelou, ao Supremo Tribunal de Manhattan (EUA), que cedeu à chantagem emocional. Weinstein gabou-se de ter sido ele a fazer de Gwyneth Paltrow e Penelope Cruz estrelas mundiais, e que Sokolo deveria ficar bem calada e obedecer-lhes se quisesse uma carreira no cinema.
Relatando a agressão em si, Sokola contou que Weinstein a foi buscar para almoçar, a levou para o seu apartamento no Soho, em Nova Iorque, tocou-lhe na vagina e a obrigou a tocar no seu pénis até ejacular para o chão da casa de banho. "Eu tinha 16 anos e estava sozinha com um homem pela primeira vez. Não sabia o que fazer". E numa das declarações mais emocionadas, afirmou: "A minha alma foi arrancada de mim".
Sokola disse que tinha medo de Weinstein, mas admitiu que sempre teve esperança que o produtor a ajudasse na carreira de atriz. A jovem modelo foi abusada por mais duas vezes, a primeira em 2004 e a segunda em 2006 quando Weinstein a obrigou a fazer sexo oral. "Eu sempre lhe disse que não queria nada daquilo, mas afastá-lo era impossível por causa do seu porte físico."
Recorde-se que, por causa das denúncias e acusações (que acabaram por dar origem ao movimento MeToo), Weinstein foi condenado em 2020 a 23 anos de prisão mas a condenação foi anulada, já em 2024, por se ter entendido que os seus direitos constitucionais tinham sido violados - algumas das mulheres que acusaram Weinstein não faziam parte das acusações e não deveriam ter sido autorizadas a depor. Na altura, o juiz ordenou um novo julgamento, que agora começou, devendo demorar de seis a oito semanas. De referir que Sokola não testemunhou no julgamento anterior.
Na semana passada foi ouvida uma outra vítima, Miriam Haley, que acusou Harvey Weinstein de a ter obrigado a fazer sexo oral em 2006. Uma terceira mulher deverá ser ouvida na próxima semana, ela que alega ter sido violada em 2013.
Mais de 80 mulheres, incluindo atrizes famosas, acusaram Weinstein de má conduta, mas o produtor continua a negar as acusações, garantindo que todos os seus encontros sexuais foram consensuais.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt