Negros: Buchinho mostra mulheres seguras

Ao fim da tarde de ontem, numa azáfama de ‘fashion victims’, Terreiro do Paço agitou-se ao ritmo dos desfiles da ModaLisboa, ali ao lado,no Páteo Galé

13 de março de 2010 às 10:43
importa Foto: Tiago Sousa Dias
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Ao fim da tarde de ontem, numa azáfama de ‘fashion victims', o Terreiro do Paço agitou-se ao ritmo dos desfiles da ModaLisboa, ali ao lado, no Páteo Galé. A abrir o calendário, uma colecção de "mulheres seguras, afirmativas e conscientes da moda", nas palavras do autor, Luís Buchinho, que celebra vinte anos de carreira.

"Tem sido sempre positivo, com altos e baixos, mas sempre com uma evolução programada", disse ao CM o estilista, antes de as suas propostas se mostrarem numa passerelle em U e chão de mármore.

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Cabedais, sedas, lãs, rendas e musselines foram os materiais escolhidos para um conjunto "muito feminino, mas com um eco ligeiramente masculino", explicou Buchinho, remetendo a inspiração da sua colecção para "a excentricidade dos anos 70 mas com o rigor minimal dos anos 90". Cores de eleição para aquecer o próximo Inverno: "Falsos negros", com destaque para os tons chocolate, petróleo, chumbo e azeitona. Malas e carteiras de couro e um visual de cabelos escorridos e maquilhagem simples compuseram o look sempre bem construído e original de Luís Buchinho, muito aplaudido no final.

ZIPPERS IMPERAM NA COLECÇÃO DOS MANÉIS

A elegância dominou o último desfile de quinta-feira assinado pela dupla Alves/Gonçalves, que atrai sempre uma elite de charme às suas apresentações e, desta vez, não foi excepção. Na assistência, clientes fiéis como Margarida Prieto, Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues seguiram atentamente o deslizar compassado das mulheres de negro metálico dos Manéis.

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Num conjunto onde dominaram os zippers (fecho éclair) dourados ou multicor a atravessar tecidos nobres, elaborados, sobressaíram os vestidos, ora mais causais, ora mais de gala, onde se notava um extremo cuidado da construção de assimetrias, sobreposições e cortes rigorosos.

Na paleta de cores eleita imperava o preto, e as assimetrias bem desenhadas das silhuetas ganhavam nova definição no recorte pelo contraste de negros metálicos, fosse o preto ou o azul noite mais cintilantes.

Com os cabelos a remeter para os anos 60, em forma de touca de cores fortes, e os olhos valorizados por sombras negras, o conjunto, de visual aparentemente homogéneo, diferenciou-se na diversidade de propostas e materiais.

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VISTO POR PAULA MATEUS (Directora da revista ‘Vogue')

POSITIVO

Colecção feminina mais madura; bonitos drapeados e mistura de materiais

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NEGATIVO

Cabelos não funcionaram bem em todas as manequins e não usaria zippers em tantas peças

"NÃO DISPENSO CAMISOLA DE GOLA ALTA" (Margarida Rebelo Pinto, Escritora)

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Correio da Manhã - Vindo a um evento desta dimensão, é uma mulher atenta à moda?

Margarida Rebelo Pinto - Claro que sim e uma grande fã do Ricardo Preto. Acompanho-o desde o princípio e é meu amigo. Tem um bom gosto absolutamente irrepreensível e, por isso, venho ver os desfiles dele.

Que peça de roupa não dispensa no seu armário?

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Camisolas de gola alta.

E o que não veste?

Coletes, género tropa ou punk, látex...

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Qual foi a sua maior extravagância?

Um casaco da Bluemarine, comprado em Paris, na Avenue Montagne. Nem olhei para o preço. Vi a seguir, de outra forma não teria comprado.

AMIGAS TROCAM DE ROUPA

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Rita Ferro Rodrigues e Andreia Vale estiveram duas horas a preparar-se para a ModaLisboa. "Levei um kit para casa da Andreia a achar que era o que ia usar e vesti tudo menos o que trazia. Acabei por vestir uma saia da Andreia e ela tem a minha", conta Rita Ferro Rodrigues. "Parecemos miúdas. É muito divertido. Costuma ser a Iva [Domingues] a aconselhar-me, mas como ela se atrasou hoje foi a Andreia a tratar disso".

O OLHAR DE FIONA: O MESTRE DOS CORTES

Gosto imenso das colecções do Luís Buchinho, e este não foi diferente. O mestre dos cortes, drapeados e estrutura, voltou a apresentar uma colecção para os meses frio com pequenas lembranças da colecção de Verão. Calças, vestidos, fatos e casacos tudo faz parte desta colecção. Um jogo bem conseguido em comprimentos e volumes. Rendas, sedas e peles desceram o ‘runway' e foram muito aplaudidas. Um desfile muito completo com acessórios que são, numa palavra, deliciosos. Botas curtas e compridas, malas e pochetes... Amei!

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Também a dupla Alves/Gonçalves brilhou com volumes, drapeados e ancas exageradas. Um desfile que lembra o coquette. Perucas que faziam lembrar os anos 60/70 e luvas compridas foram escolhidas para dar o toque final. Dois elementos da colecção que marcaram a diferença: o uso e abuso dos fechos e o ‘twist' interessante de trocar as pedras preciosas pela madeira. Um desfile recebido com sentimentos diferentes pelo público. Uma divisão 50/50. Definitivamente melhor do que a colecção de Verão.

Já o desfile de Ricardo Preto abriu com um impacto visual forte, penas e óculos exagerados foram os acessórios eleitos. Tops assimétricos, macacões elegantes, peças bem cintadas e drapeados fizeram parte da colecção.

PROGRAMA PARA HOJE

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15h00 - Aforestdesign, Lab. Exposição | Mude

15h00 - Lara Torres, Lab. Exposição | Mude

15h30 - Ricardo Andrez, Lab | Mude

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16h30 - Aleksandar Protic

17h30 - Miguel Vieira

18h30 - Pedro Pedro

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19h30 - Salsa

20h30 - Nuno Baltazar

Desfiles no Páteo Galé, Terreiro do Paço e no Mude - Museu do Design e da Moda

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Mais fotografias do desfile de Luís Buchinho

Mais fotografias do desfile de Manuel Alves/Manuel Gonçalves 

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