"O tema de Quim Barreiros é ordinário e sem graça"

Vítor de Sousa, de 63 anos, considera homofóbica a letra da música ‘Casamento Gay', de Quim Barreiros. O actor assume-se a favor do casamento entre homossexuais, mas não gosta de ver homens vestidos de noiva porque, diz, "é retroceder em vez de avançar"

- Ficou chocado com a letra de ‘Casamento Gay'?

- Fiquei muito chocado com o poema. O Quim Barreiros tem uma grande facilidade em brincar com as palavras, o que não acontece neste caso. O tema é homofóbico, podia ser ordinário e ter graça, mas não. A forma como acaba, ‘para sobremesa banana e pêssego', percebo que a ideia é outra... Já que é tão ordinária, terminava mesmo com uma ordinarice. Ele fala, por exemplo ‘nas tetas da cabritinha', tem graça e a malta jovem gosta.

- Ontem celebrou-se o primeiro casamento gay em Portugal...

- Vi [ontem] no Correio da Manhã uma foto com o que acho que não deve ser uma celebração. Um jovem mascarado de noiva é retroceder em vez de avançar. As pessoas são livres de fazer as suas opções e agora já se podem mascarar sem ser Carnaval.

- É contra o casamento gay?

- Sou a favor, até por motivos legais. Quantos gays não faleceram e quiseram deixar os bens aos companheiros e a família não permitiu?

- Desde que se assumiu, como é que as pessoas o tratam?

- Tenho tido grandes demonstrações de carinho de pessoas anónimas. São muito afáveis e dizem-me que já gostavam de mim mas agora gostam muito mais, por eu ser verdadeiro.

- Por que está sem trabalho?

- Desde que acabei a novela ‘Olhos nos Olhos', na TVI, há uns meses, estou parado em termos de TV. Fiz uma peça de teatro, ‘Hedda Gabler', e agora preciso urgentemente de recomeçar a minha vida na TV. Tenho alguns projectos de teatro mas não passam de projectos. São estes interregnos que fazem parte da careira de actor. São intervalos tão compridos que perturbam em termos financeiros e psicológicos.