Luísa Castel-Branco fala sobre passado difícil: "Senti a falta do amor dos meus pais"

A escritora revelou ao programa 'Siopa Convida' as várias dificuldades emocionais que enfrentou na infância no seio familiar.

07 de dezembro de 2025 às 10:38
Luísa Castel-Branco e Duarte Siopa Foto: DR
Luísa Castel-Branco e Duarte Siopa a chegar à Correio da Manhã Rádio Foto: DR
Luísa Castel-Branco e Duarte Siopa na Correio da Manhã Rádio Foto: DR
Luísa Castel-Branco fala com Duarte Siopa sobre a infância Foto: DR

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Numa entrevista confessional a Duarte Siopa, no programa 'Siopa Convida', que a Correio da Manhã Rádio emitirá no próximo sábado às 11h05 e domingos às 15h10, Luísa Castel-Branco falou do seu novo livro ('Se Este Foi o Meu País') e da forma como fez "as pazes com o passado", apesar de ter enfrentado situações complexas desde tenra idade.  

Na entrevista, Luísa Castel-Branco reconhece que cresceu a sentir "falta de amor dos pais". "Claro que há vidas muito piores. Só que cada um de nós sente à medida do seu coração. A geração dos meus pais considerava que a demonstração de afeto era algo errado. Senti falta desse amor e desse colo. Quanto oiço falar dos 'bons velhos tempos'... isso era uma das coisas que não tinha nada de bom! Mas eu também fui uma criança e adolescente difícil: tinha aversão à autoridade, ao dizer que 'sim' só porque 'sim'. Havia muitas balizas que não podíamos transpor, às vezes só por ser mulher. Questionava muito", recorda.

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O pai, um homem "superiormente inteligente e fascinante no que fazia", era "cruel". "Estava num sítio em que não queria estar. Naquele tempo não havia separações! E era um homem que não sabia verbalizar qualquer sentimento de amor. Tinha pouco espaço para relações afetivas, para dar. Era muito frio, havia sempre uma distância. Mas não era um homem mau - era incapaz de qualquer tipo de violência", recorda a escritora. Da mãe teve também a sensação de que "não gostava" de si e de que havia entre ambas uma constante "competição".

Ainda assim, garantiu a Duarte Siopa, não foi uma "menina triste".  Já separada e mãe de três filhos, com a ajuda de uma psicoterapeuta, acabou por reconhecer que também foi vítima de abuso sexual, entre os 7 e os 10 anos. Mas das dificuldades fez a sua força. "Levantei-me sempre. Nasce no ser humano a necessidade de ultrapassar. Se te rires, afundas a tristeza dentro de ti. Ganhei força, rebeldia e durante toda a vida fui a carta fora do baralho", frisou,

Para a sua descendência, escolheu ser diferente: "Quanto mais o tempo passa, mais percebo que os nossos pais fizeram o que podiam. Nós também estamos a fazer o que podemos com os nossos filhos e com os nossos netos. Em relação aos meus filhos eduquei-os com tudo o que gostava que fizessem comigo. Mesmo não tendo essa vivência, fiz como gostava que tivesse sido".

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