É possível ser feliz sozinho?
Já ouviu falar de honjok? Conheça a arte sul-coreana que ensina a viver bem sozinho
Será que é possível ser feliz sozinho? O poeta Tom Jobim afirmou numa das suas músicas e letras mais famosas "Que é impossível ser feliz sozinho". Já em Portugal é conhecido o ditado "Mais vale só do que mal acompanhado". Mas será que é mesmo possível adotar um estilo de vida solitário e ser feliz assim?
Na Coreia do Sul, há um movimento que diz que sim, é possível, e que há cada vez mais adeptos desta filosofia de vida, o honjok.
Afinal o que é o honjok?
Honjok é um movimento contracultura que surgiu na Coreia do Sul.
Esta palavra significa "tribo de um só" ("hon" significa estar sozinho e "jok" é uma tribo). Ainda pouco divulgada no Ocidente, esta filosofia ou forma de vida surge como resposta à frustração de fortes pressões sociais e culturais, levando muitas pessoas a optarem por viverem sós e assim encontrarem uma maior liberdade. Honjok é um belo conceito porque se traduz numa decisão consciente de explorar as suas próprias preferências e interesses, de cultivar o seu verdadeiro mundo interior - um convite ao desfrutar da solidão e à reflexão sobre quem realmente somos.
Não confundir estar só com solidão
Tal solidão não deve ser vista como algo negativo, pois vai possibilitar que estas pessoas tenham relacionamentos mais frutíferos e positivos com outras pessoas. Portanto, trata-se de uma solidão diferente dessa outra causada pelo isolamento social e que contribuirá para o aumento de problemas físicos e mentais, como depressão, doenças cardíacas e até mesmo Alzheimer, além de comprometer o sistema imunológico. Esta solidão exprime-se mais num estar sozinho e não numa solitude com todas as cargas negativas que normalmente associamos a esta palavra, assim como os estados de espírito adjacentes.
O princípio do honjok alega que é necessário mudar pensamentos, deixar de associar o "estar sozinho" como estar isolado ou distante das pessoas, mas antes estar "com nós próprios".
Neste mundo hiperconectado, quantas vezes estamos verdadeiramente sós? Quantas vezes desfrutamos do prazer de relaxar e estar tranquilos sem qualquer distúrbio exterior. O mais provável é que, mesmo quem vive só, chegue a casa e esteja conectado nas redes sociais. Quando é que se está realmente só? Quando é que a solidão é um problema?
Estas são temáticas cada vez mais discutidas, principalmente desde o isolamento imposto pela pandemia e o aumento de número de pessoas deprimidas, havendo até quem diga que se gerou uma "epidemia da solidão".
O segredo talvez seja o de escolher estar só e não estar sozinho por imposição.
Celebrar a solidão em vez de a temer
Na maneira de viver honjok, a solidão é encarada como uma oportunidade de realmente estarmos com nós próprios e de explorar onde encontramos sentido nas nossas vidas, quais são os nossos verdadeiros valores, qual é o nosso eu autêntico e o que realmente nos motiva. Aqui, estar sozinho não é o mesmo que se sentir sozinho. E neste caso, a solidão torna-se numa forma de construir e cultivar a nossa autoestima.
Transforma-se num celebrar da solidão em vez de a temer. Os momentos solitários são vistos como momentos propícios a uma descoberta mais profunda do eu interior e daquilo que realmente nos motiva sem qualquer condicionamento exterior.
As vantagens de estar só, a verdadeira sabedoria do honjok
A psicoterapeuta e escritora Francie Healey publicou recentemente um livro – "Honjok: a arte de viver bem sozinho", já à venda nas livrarias em Portugal – no qual afirma que estar só não é algo negativo, mas que pode estar repleto de vantagens. Mesmo antes da pandemia, Healey começou a pesquisar este movimento sul-coreano e descobriu que há cada vez mais adeptos desta "tribo de um só".
A autora deste livro explica que este movimento surgiu entre os jovens, principalmente mulheres, que decidiram rejeitar os valores sociais e culturais impostos pela sociedade a favor de um individualismo emergente.
Para ela, esta é uma oportunidade de reflexão sobre o que realmente somos. Uma oportunidade de fazer um mergulho para o interior de cada um e descobrir novos prazeres que apenas são possíveis experienciar quando se está só.
Todos temos, ou devemos ter, os nossos momentos solitários, como assistir a uma série, ouvir a música preferida. Há ainda aqueles que gostam de comer sozinhos e há cada vez mais adeptos no mundo das viagens solitárias, os solo travellers.
Assim, não é de estranhar que este movimento possa vir a ter ainda mais seguidores nos quatro cantos do mundo.
Na Coreia do Sul, há cada vez mais informação disponível sobre este tema, com sites com dicas para os adeptos do honjok e até programas televisivos dedicados a estes solitários por opção.
Transformar momentos solitários em momentos de prazer: ouvir o silêncio ou ouvir uma boa música
Agora que já sabe o que é o honjok, acha que conseguiria pertencer a esta tribo de solitários?
Para ser um solitário, dos bem-sucedidos, é preciso fazer as escolhas certas e desfrutar do maior número de experiências e emoções.
Seja como for, para muitos desses momentos que vai viver, a audição desempenhará um papel fundamental, até porque solidão não significa reclusão ou silêncio.
Um dos momentos solitários mais prazerosos e que é facilmente identificado por todas as pessoas é o ato de ouvir, ouvir bem e com qualidade, ouvir uma boa música, ouvir os pássaros, os sons da natureza – como a água de um riacho a correr, ouvir o sopro do vento, aprender a ouvir o silêncio.
Descobrir os sons que chegarão até si será uma viagem das mais inesquecíveis.
Ouvir bem deve ser uma constante em qualquer opção ou estilo de vida que adote. Se não ouvir bem, nem hesite se precisar da ajuda de um pequeno aparelho auditivo. Aconselhe-se com os melhores profissionais em soluções auditivas.
Neste caso, estar em boa companhia é melhor do que estar mal acompanhado. Por isso, faça as escolhas auditivas acertadas com uma das marcas de eleição.