Sete mitos sobre perda auditiva
Não acredite em tudo o que ouve! Conheça os principais mitos sobre perda auditiva e aparelhos auditivos que ainda prevalecem atualmente
Será que tudo o que ouvimos corresponde à verdade? Muito do que hoje é considerado conhecimento sobre perda auditiva e aparelhos auditivos é baseado em informações desatualizadas ou simplesmente erradas.
Há ideias formadas e opiniões firmes sobre estes temas que prevalecem nos dias de hoje e não correspondem de todo à realidade.
Antes de tomar qualquer decisão importante no que concerne à sua audição, verifique os factos que estão por trás de alguns dos mitos mais comuns.
1. Há poucas pessoas com perda auditiva e, por isso, eu jamais serei afetado
Muitas pessoas acham que a perda auditiva afeta uma minoria e, mais surpreendente ainda, que nunca as afetará a elas. A perda auditiva não discrimina e qualquer pessoa pode vir a sofrer de algum tipo de dificuldade auditiva na vida.
A Organização Mundial da Saúde estima que, em 2050, cerca de 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo viverão com algum grau de perda auditiva.
Isto significa que, em 2050, uma em cada cinco pessoas vai sofrer de perda auditiva e a probabilidade de vir a ter, ou conhecer alguém com algum grau de insuficiência auditiva, vai aumentar nos próximos anos.
A verdade é que muitas pessoas, quando começam a ter dificuldades auditivas, raramente se apercebem da situação, uma vez que este processo é lento e gradual. É, geralmente, quem está ao seu redor que testemunha esses sinais.
Embora algumas pessoas tenham a tendência para ignorar estes indícios, é importante saber que até uma perda auditiva leve pode ter impacto nas suas capacidades cognitivas, no seu trabalho e na sua vida social.
2. A perda auditiva afeta apenas pessoas mais velhas e, nessa idade, já não há solução
As dificuldades auditivas podem manifestar-se em pessoas de todas as idades. Estas podem ser congénitas, se ocorridas antes do nascimento, ou adquiridas. As adquiridas podem também manifestar-se em jovens, uma vez que as causas podem ser variadas. Embora as dificuldades auditivas possam, predominantemente, agravar-se com o avançar da idade, é cada vez mais frequente os jovens apresentarem problemas auditivos devido a práticas como a exposição prolongada a sons de alta intensidade. De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, o uso prolongado de auriculares levou a um grande aumento na prevalência de perda auditiva em adolescentes e jovens adultos.
A falta de higiene dos ouvidos, a utilização de medicamentos ototóxicos, doenças como a meningite ou síndrome de Ménière podem também levar a uma perda de audição gradual ou até rápida, afetando pessoas de todas as idades.
Quando identificados precocemente e intervencionados, alguns tipos de perda auditiva têm resultados muito satisfatórios, mesmo em pessoas com idade mais avançada. A utilização de aparelhos auditivos é também uma prática comum para alguns casos.
Manter um comportamento vigilante e prudente em relação à sua audição é a chave para evitar problemas no futuro.
3. Não há soluções para a perda auditiva
Há realmente problemas auditivos para os quais não existe uma resposta e esta realidade era ainda pior há umas décadas.
Há patologias para as quais a ciência e a medicina ainda não encontraram um tratamento ou solução e, infelizmente, a surdez vai continuar a afetar algumas pessoas.
Felizmente, para certos casos, o cenário atual é bem diferente. Alguns tipos de dificuldades auditivas beneficiam da utilização de aparelhos auditivos, principalmente se estes foram precocemente adotados.
A maioria dos resultados é muito satisfatória, mesmo quando a idade é avançada e os utilizadores estiveram expostos a alguns fatores de risco, como o forte ruído associado a algumas profissões.
Hoje em dia, os aparelhos auditivos são tecnicamente avançados e, embora estes dispositivos não devolvam nem restaurem a audição, são um grande aliado para voltar a usufruir de melhor qualidade auditiva. O uso destes dispositivos supera, muitas vezes, as expectativas dos utilizadores.
4. Usar aparelhos auditivos torna os ouvidos preguiçosos
Muitas pessoas com algumas dificuldades auditivas adiam procurar uma solução porque acham que os ouvidos vão ficar piores, como que "preguiçosos". Acham que utilizar aparelhos auditivos vai fazer com que os ouvidos se adaptem e fiquem dependentes destes dispositivos.
Na verdade, acontece o oposto. A perda auditiva neurossensorial ocorre quando as células ciliadas da cóclea são danificadas, e muitos desses danos são irreversíveis. Assim, adiar o problema pode, sim, agravar a condição auditiva.
O processo de ouvir é complexo porque envolve a coordenação entre o ouvido e os sinais que são enviados para o cérebro. Assim, quanto mais tempo deixar passar, maiores poderão ser as consequências, não apenas para os seus ouvidos, mas também para a capacidade de manter o cérebro a processar a informação recebida.
As pessoas com perda auditiva neurossensorial geralmente não conseguem recuperar a audição normal, mas podem ser ajudadas com a tecnologia encontrada nos aparelhos auditivos.
A utilização atempada destes dispositivos pode assim contribuir para uma maior qualidade de vida dos seus utilizadores.
5. A dificuldade auditiva não interfere com a vida social das pessoas.
As dificuldades auditivas têm implicações no bem-estar geral das pessoas que vão muito além de não ouvir.
Sabe-se que a perda auditiva não tratada aumenta o risco de declínio cognitivo, demência, quedas, isolamento social e depressão. O declínio cognitivo pode retirar recursos que o cérebro usa para outras funções, como a memória a curto prazo ou a sua capacidade de consciência espacial.
As dificuldades auditivas têm assim consequências psicossociais, como o isolamento causado pelas dificuldades de comunicação com os outros. Algumas pessoas sentem-se constrangidas e começam a evitar conversar com familiares e amigos, o que pode levar até a quadros depressivos, principalmente nos idosos.
O uso de aparelhos auditivos pode contribuir para a diminuição de muitas destas situações e permitir que os utilizadores tenham menos dificuldades no seu dia a dia e contribuir assim para o seu bem-estar geral.
6. Os aparelhos auditivos são grandes e inestéticos
É verdade que os aparelhos auditivos podem não ser considerados um acessório de moda, por muitos, ao contrário do que acontece, por exemplo, com a utilização de um par de óculos.
Nos últimos anos, a evolução tem sido contínua e os aparelhos auditivos atuais são cada vez mais avançados e discretos.
Os aparelhos auditivos modernos são minúsculos e praticamente invisíveis no ouvido ou atrás da orelha. Aquela imagem dos aparelhos auditivos gigantes, pendurados na orelha, é coisa do passado. Agora são completamente ergonómicos, desenhados para se adaptarem discretamente ao ouvido ou orelha do utilizador. Muitos até têm recebido prémios internacionais pelo seu desenho e tecnologia.
Os aparelhos auditivos atuais são customizáveis, com cores semelhantes ao tom de pele ou à cor de cabelo, tornando a "camuflagem" quase perfeita. Hoje em dia, difícil é notar que alguém utiliza um aparelho auditivo.
7. Os aparelhos auditivos têm preços muito elevados
O preço dos aparelhos auditivos é muito variado. Existem diversos modelos e marcas, com níveis tecnológicos e funcionalidades que se devem adequar aos diferentes tipos e graus de perda auditiva. O mesmo aparelho auditivo pode não servir para duas pessoas. Cada aparelho deve ser adaptado e ajustado às necessidades e estilo de vida do seu utilizador para que os resultados e os benefícios sejam potencializados.
Estes fatores, juntamente com as características do aparelho, assim como as funcionalidades específicas, dão origem a uma grande variedade de preços, desde produtos de mais baixo custo a produtos de valores mais elevados.
A verdadeira questão que se deve colocar é a das vantagens que vai auferir na qualidade de vida de cada pessoa e se o investimento custo-benefício será compensatório. Seja qual for a sua escolha, melhorar a sua condição auditiva e desfrutar dos benefícios deverá ser sempre uma prioridade.
Conclusão
Esta é apenas uma pequena lista de alguns dos mitos sobre a audição e utilização de aparelhos auditivos. Existem muitos outros.
O mais importante é manter uma atitude vigilante em relação à audição. Se reconhece em si alguns dos sinais de dificuldades auditivas, não hesite em procurar ajuda profissionalizada.
Igualmente, se conhece alguém com dificuldades auditivas ou se tem um familiar que ainda resiste a procurar uma solução, ajude-os. Aconselho-os a procurar um especialista para encontrar a melhor solução.
Quanto mais cedo atuar, maior a probabilidade de melhorar a sua qualidade de vida.
Fontes: