Presidente da Evita, Tamara Milagre, considerou que ainda há "uma grande barreira" no acesso ao aconselhamento e teste genético.
A plataforma lançada pela associação Evita -- Cancro Hereditário já permitiu a mais de 2.300 pessoas medir o risco de cancro, em mais de 80% dos casos o risco era elevado e foi recomendado que procurassem aconselhamento genético.
Em declarações à Lusa, a presidente da Evita, Tamara Milagre, considerou que ainda há "uma grande barreira" no acesso ao aconselhamento e teste genético "por falta de literacia genética nos profissionais de saúde fora da oncologia médica e da genética humana".
Dando o exemplo do médico de família -- o profissional mais próximo do utente -, a responsável disse que este profissional, que tem com ele a história familiar da pessoa, "não sabe ao certo reconhecer os padrões".
"Às vezes pode ser um cancro da mama que está relacionado com um cancro do estômago, ou pode ser um cancro do pâncreas que está relacionado com um cancro da próstata de outro familiar. São padrões complexos e nós tentamos facilitar essa identificação e (..) fazer uma espécie de primeira triagem de quem iria beneficiar ou não de um aconselhamento genético", explicou.
Explica que na Evita Platform (https://evitacancro.org/evita-platform/) a pessoa pode preencher um questionário de 10 perguntas, que é baseado nas recomendações nacionais do Grupo de Trabalho de Cancro Hereditário da Sociedade Portuguesa de Oncologia e que conseguem abranger qualquer síndrome de cancro hereditário.
"São questões gerais, por exemplo, se teve na sua família uma pessoa com mais do que um cancro primário", explicou a responsável, dando como exemplo concreto o caso de alguém que na família tiver quem tenha tido um cancro da mama e, mais tarde, um cancro dos ovários.
Se o utilizador responder sim a uma das 10 perguntas, a Evita recomenda que se procure aconselhamento genético que, no futuro, pretende proporcionar também dentro da plataforma, "num espaço seguro, numa ferramenta integrada para fazer telemedicina em videochamada com a nossa médica geneticista".
Outro dos serviços que a Evita Platform quer disponibilizar no futuro, através da telemedicina, é o aconselhamento psicológico, que "anda de mãos dadas com o risco de cancro ou com o diagnóstico de cancro".
"Pode vir a próxima pandemia que a pessoa nunca mais fica abandonada, como aconteceu em 2020, como todos vimos", acrescentou.
A proposta para estes serviços de teleconsulta já foi feita ao Ministério da Saúde, para que seja feito com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"O SNS tem aqui uma ferramenta única, feita e paga. É só pegar nela e aproveitar para aumentar a resposta, que está extremamente fraca no nosso sistema", contou Tamara Milagre, acrescentando: "não seria muito prudente não aproveitar essa ferramenta, que aumenta a resposta e consegue prevenir diagnósticos em idade precoce".
A plataforma tem já 3.215 utilizadores, dos quais 2.310 fizeram o teste. Destes, 1.872 (81%) tinham risco elevado.
"Isto prova que as pessoas querem saber", disse a responsável, explicando que a Evita conseguiu já encaminhar centenas de pessoas que "de outra forma teriam caído pela rede do sistema" e só seriam "apanhadas" quando começassem a ter sintomas.
Tamara Milagre lembra que o cancro hereditário "é o mais caro de todos": "surge no auge da produtividade, da idade fértil, e nós deixamos estas pessoas ficarem doentes, ainda por cima, com alguns diagnósticos tardios, porque a própria pessoa, não conhecendo a sua predisposição [genética], pode não valorizar os sintomas".
Explicou que, neste momento, quem faz o teste na plataforma e recebe como resultado a indicação de que tem risco elevado de ter cancro, o conselho é para que leve os dados ao médico de família. "Assim a pessoa já poderá ter uma ideia sobre se beneficiaria do aconselhamento genético. Só o médico faz o diagnóstico", sublinha.
Os últimos dados do Globocan - conjunto de estimativas globais sobre a incidência e mortalidade do cancro, fornecido pela Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) -- indicam que há todos os anos 70.000 casos de cancro em Portugal, 7.000 dos quais de cancro hereditário. Isto significa que, por dia, são identificadas 19 pessoas com cancro hereditário.
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