José Mendes empregava albanês que tinha o visto de trabalho prescrito. Por pouco não ficou sem licença.
A intervenção de dezenas de vizinhos e clientes de um restaurante na região de Londres foi essencial para evitar que perdesse a licença de funcionamento, disse à Lusa o proprietário, o português José Mendes.
Em agradecimento, o madeirense, natural de Estreito de Câmara de Lobos, encerrou as portas na segunda-feira à noite e ofereceu uma festa: "Como as pessoas nos apoiaram tanto, resolvi convidar as pessoas para mostrar o nosso agradecimento".
O irmão, António, admitiu que a participação pessoas superou as expectativas, mostrando-se igualmente satisfeito com o carinho recebido pela comunidade local.
Foi há duas semanas que a autarquia local decidiu manter a licença de funcionamento do restaurante Caffe Mamma, numa sessão inédita com mais de 50 pessoas na audiência.
Aberto há 36 anos, foi adquirido ao antigo patrão por José Mendes em 2010, mas em setembro deste ano foi confrontado com uma inspeção dos serviços de imigração, que identificaram um empregado de nacionalidade albanesa com visto de trabalho prescrito.
Além de uma multa que pode ir até 20 mil libras (22,4 mil euros), as autoridades abriram um processo de infração para ser reavaliada a aptidão para manter a licença do restaurante.
A advogada Rupinder Matharu referiu que é uma consequência automática de uma lei que entrou em vigor este ano, e que responsabiliza os empregadores por garantirem que os trabalhadores estão regularizados.
Esta é uma das medidas que o governo britânico implementou para reforçar o controlo sobre a imigração, e que tem atingido muitos negócios do setor da restauração.
Para defender o Caffe Mamma, a advogada usou cartas e emails escritos por cerca de 50 pessoas em abono da família Mendes e do restaurante, que se mobilizaram espontaneamente.
"Tínhamos de usar as cartas porque eram tão fortes. Todas tinham uma história. Neste tipo de casos, as pessoas normalmente escrevem em defesa do encerramento e não para manter", revelou à agência Lusa.
O restaurante foi autorizado a continuar a operar, mas sujeito a algumas condições, nomeadamente o reforço do sistema de videovigilância e a prova de que os restantes funcionários têm a situação regularizada.
A decisão foi recebida com júbilo na sala, contaram vários presentes à Lusa.
"Ouvi um funcionário dizer que nunca tinha visto nada assim", contou Joe Jones, membro do clube de rugby London Welsh e um dos ativistas pela manutenção do restaurante.
O clube, que realiza regularmente eventos de angariação de fundos no espaço do restaurante, que apoia ainda outra iniciativas, escreveu uma carta e a esposa de Jones endereçou outra, em nome da família.
"Nós só sobrevivemos com a ajuda de pessoas e negócios como este e o José tem sido excecional", vincou.
Outro vizinho, Geoffrey Pidgeon, enalteceu a importância de restaurantes independentes como este e locais para manter o sentimento de comunidade.
O caso mereceu notícia na imprensa local britânica e José Mendes espera que o episódio sirva de alerta para mais portugueses proprietários de restaurantes no Reino Unido.
"Pessoas com negócios pequenos não têm tempo para estar frente ao computador a ver as regras e as leis que mudam", justificou-se.
Para sua surpresa, descobriu que, mesmo tendo as contribuições fiscais todas em dia, o patrão que tem de garantir que a autorização de trabalho está válida.
"Foi uma situação muito preocupante quando me disseram que podia perder a licença", admitiu o português, que vive e trabalha em Londres desde 1991.
Apesar de servir essencialmente comida italiana, frequentemente adiciona o bitoque ou a espetada à madeirense à ementa, a qual inclui pastéis de bacalhau, vinho e cerveja portugueses.
"Há pessoas que vão a Portugal e pedem. Mas muita gente pensa que sou italiano. No outro dia, um cliente disse-me: 'Que pena, vocês não vão ao Mundial [de Futebol].'".
Ao que Mendes respondeu, sem hesitação: "Ai vamos, vamos! Eu sou da equipa do Cristiano Ronaldo!".
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