page view

“A cooperação é o fator decisivo para tudo”

O debate “Forças de segurança, fiscalização e combate ao comércio ilícito”, contou com as intervenções de Luís Neves, Diretor Nacional da PJ, Luís Miguel Ribeiro Carrilho, Diretor Nacional da PSP e de Luís Filipe Cardoso Lourenço, Inspetor-Geral da ASAE.

14 de outubro de 2025 às 15:46

Luís Neves, abriu a sessão com um apelo à união operacional e institucional. “A cooperação é o fator decisivo para tudo. Ninguém trabalha sozinho.” Lamentou, contudo, o desfasamento entre o ritmo da criminalidade tecnológica e os meios legais de investigação. “Enquanto as redes criminosas se movem em tempo real, nós dependemos de autorizações judiciais e de enquadramentos ainda desatualizados.” Defendeu, por isso, o reforço da legislação e da capacidade técnica das forças policiais. "O crime está sempre dois passos à frente. Temos de o alcançar pela inteligência e não apenas pela reação”, referiu na conferência Segurança e Fronteiras, organizada pelo Correio da Manhã, CMTV e CM Rádio, que contou com o apoio institucional da Tabaqueira.

Para o Superintendente-Chefe Luís Miguel Ribeiro Carrilho, o combate ao crime só é eficaz quando assenta em confiança e proximidade com os cidadãos. “As pessoas são o primeiro elo da segurança. Sem confiança pública, nenhuma polícia é eficaz.” O Diretor Nacional da PSP destacou o papel da prevenção, que considera tão importante como a repressão, e o trabalho conjunto entre forças de segurança, administração local e comunidade. “A cooperação institucional tem de se traduzir em resultados visíveis para quem vive nas cidades.”

Por seu lado, o Inspetor-Geral da ASAE chamou a atenção para a responsabilidade partilhada de consumidores e empresas. “Quando alguém compra um produto contrafeito, financia redes criminosas e enfraquece a economia nacional.” Luís Filipe Lourenço sublinhou ainda que o comércio ilícito afeta múltiplos setores, desde a saúde pública à segurança alimentar, e defendeu uma maior integração dos sistemas de controlo europeus. “A resposta não pode ser nacional. É um problema global que exige soluções europeias.”

Criminalidade cada vez mais invisível

À frente da Polícia Judiciária desde 2018, Luís Neves tem testemunhado a transformação do crime organizado em estruturas cada vez mais digitais e descentralizadas. “Hoje, o crime raramente tem rosto. Move-se por criptomoedas, plataformas e servidores espalhados pelo mundo.” Defende que o futuro da investigação criminal depende da “interoperabilidade entre sistemas e da confiança entre equipas de diferentes países”.

Autoridade conquista-se

Com mais de 30 anos de carreira na PSP, Luís Carrilho acredita que a autoridade se constrói pelo exemplo e pela ética. “A autoridade que se impõe pelo medo é fraca. A que se conquista pelo respeito é duradoura.” Considera que o futuro da segurança passa por “polícias próximas, formadas e tecnologicamente equipadas”, mas também por líderes capazes de inspirar confiança.

Futuro da fiscalização é digital e preditivo

Para Luís Filipe Cardoso Lourenço, inspetor-geral da ASAE, o combate à fraude e ao comércio ilícito entrará numa nova era com o cruzamento de dados e inteligência artificial. “O futuro da fiscalização é digital, baseado em algoritmos que antecipam riscos.” Explica que o objetivo é “agir antes de o crime acontecer, substituindo a inspeção reativa por uma atuação preditiva e integrada com outras autoridades europeias.”

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8