Mais financiamento, os mesmos resultado
Apesar do grande reforço no investimento, as quantidades enviadas para reciclagem permanecem praticamente estagnadas, apresentando um crescimento residual (2%)
No primeiro semestre de 2025, o sistema contou com um investimento total de 95M€, mais 41M€ (mais 76% do que no período homólogo)
Vidro (-1%) e ECAL (-9%) são os materiais que merecem mais atenção. Vidro é também um dos materiais com mais valor na economia circular
Neste ritmo, chegaremos ao final do ano muito longe de atingir as metas de reciclagem de embalagens definidas.
A recolha seletiva de embalagens registou um aumento residual de apenas 2%, com apenas mais 4.009 toneladas de embalagens a serem enviadas para reciclagem no primeiro semestre de 2025, num total de 231 mil toneladas recolhidas e enviadas para reciclagem, em comparação com o período homólogo. O ritmo de crescimento continua a ser insuficiente para Portugal conseguir cumprir as metas de reciclagem de embalagens até ao final deste ano.
Em 2025, os serviços de recolha seletiva de resíduos de embalagens financiados ao SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens), pela Sociedade Ponto Verde e por outras entidades gestoras, atingiram o montante de 95M€, o que significa um reforço de 41M€ ao sistema, após a decisão de aplicar novos valores de contrapartida (VC) através de um Despacho do Governo, que entrou em vigor a 1 de janeiro deste ano. 68.5M€ foram pagos pela Sociedade Ponto Verde no primeiro semestre de 2025, mais 39M€ do que no período homólogo.
Até ao final deste ano, o País tem de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado. A prioridade deve passar por uma melhoria substancial do nível de serviço prestado aos cidadãos pelos sistemas municipais e multimunicipais, dispondo o SIGRE, atualmente, de mais recursos financeiros para realizar investimentos que gerem resultados e ajudem a alcançar as metas.
Apesar disso, ao fim de seis meses, encerrando o semestre com um crescimento residual de 2%, a SPV considera que é legítimo expressar preocupação com o facto de as quantidades enviadas para reciclagem estarem aquém dos níveis desejáveis.
Os valores de contrapartida atualmente em vigor devem garantir que os investimentos façam a diferença e que melhorem a performance do setor. É, por isso, imperativo exigir um melhor desempenho.
À semelhança dos últimos resultados, o vidro continua a destacar-se como o material que mais preocupação levanta. Ao fim de seis meses, o vidro está 1% abaixo do valor homólogo, o que significa que foram recicladas menos 1.300 toneladas deste material, num total de 99.321 toneladas.
Há ainda um outro material que suscita preocupação: as embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL). Segundo os dados, foram recolhidas menos 405 toneladas, num total de 4.044 toneladas (-9%).
Quanto aos restantes materiais, os dados do SIGRE revelam que foram encaminhadas para a reciclagem 78.486 toneladas de papel/cartão (+4%), 42.844 toneladas de plástico (+3%) e 1.030 toneladas de alumínio (+1%), sendo que este é também um material que merece atenção, uma vez que, apesar da subida, está bastante longe de conseguir atingir a meta de reciclagem proposta.
“Os dados do primeiro semestre de 2025 reiteram a urgência de reforçarmos a articulação entre todos os agentes da cadeia de valor, de forma a tornar o sistema mais eficiente e a tentar, já a caminho da reta final do ano, que Portugal cumpra as metas de reciclagem de embalagens definidas para 2025”, destaca a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais.
“Continuamos a assistir a quebras preocupantes, como é o caso do vidro, que registou uma redução de 1% face ao período homólogo; e do ECAL, que registou um decréscimo de 9%, no mesmo período.
Com o aumento dos VC não deveríamos estar a assistir a um decréscimo da reciclagem de embalagens, pelo contrário. O valor que estamos a pagar é suficiente para investir em mais inovação, mais soluções e permite ir mais além. Estamos, como sempre, disponíveis e vamos continuar a contribuir para uma reciclagem de embalagens mais eficaz, mais próxima das necessidades reais e com impacto efetivo”, acrescenta.
As operações de recolha seletiva de embalagens desenvolvidas pelos parceiros municipais ou pelas empresas multimunicipais têm de estar mais focadas na qualidade e na conveniência, assegurando que uma maior quantidade de embalagens, nos seus diferentes materiais, é encaminhada para a reciclagem. Só assim será possível melhorar o desempenho global do sistema.
Sabemos que o vidro é um material particularmente crítico, mas também um dos materiais com mais valor na economia circular - é 100% reciclável e reutilizável. Os seus desafios estão bem identificados, mas, apesar disso, continua a ser um dos materiais mais desperdiçados em Portugal. Esta realidade tem de mudar. Precisamos de modernizar infraestruturas; inovar; adotar soluções como o baldeamento assistido de contentores; implementar sistemas PAYT (pay as you throw); e reforçar o serviço prestado ao canal HORECA, tendo em vista a reciclagem de mais embalagens de vidro – 70% até ao final de 2025.
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