Morreu esta madrugada Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares e Távora, mais conhecido como Fernando Távora, o decano da arquitectura em Portugal. Tinha 82 anos de idade.
Fernando Távora nasceu, formou-se e desenrolou a sua vida profissional no Porto. Foi fundador da chamada Escola do Porto, que teve grande influência na arquitectura portuguesa e onde leccionava, desenvolvendo a sua actividade académica em paralelo com a prática profissional. Recebeu inúmeros prémios em Portugal e no estrangeiro.
Autor de obras de raíz, privadas e públicas, e de reordenação urbana em Aveiro e Guimarães, talvez sejam, no entanto, as intervenções em edifícios patrimoniais, como são os casos dos projectos de renovação do Museu Nacional de Soares dos Reis e do Palácio do Freixo, ambos no Porto, as suas obras mais emblemáticas como as intervenções no Convento de Santa Marinha convertido em Pousada em Guimarães (Prémio Nacional de Arquitectura em 1987), no Convento dos Refóios adaptado para a Escola Superior Agrária em Ponte de Lima.
A marca profissional e académica que deixa na aqruitectura portuguesa é indelével. O mais famoso discípulo, Álvaro Siza Vieira, aprendeu com o mestre Távora que a arquitectura não é feita da aplicação de fórmulas mas sim da conjugação de contradições em benefício da condição humana. É o que chamou de pedagogia para além dos muros institucionais, uma arquitectura que substitui os modelos pelas inquietações próprias de cada projecto.
A bastonária da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, referiu-se a Fernando Távora como "um dos pais fundadores da arquitectura portuguesa" e destacou a especial atenção que Távora dava ao património, o que considerou ser a sua grande lição. Helena Roseta deu o exemplo da reordenação urbana de Guimarães e do papel que esta teve na elevação da cidade a Património Mundial.
A morte ocorre no momento em que a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos tinha já preparada uma jornada de homenagem ao decano dos arquitectos portugueses. Era - e será agora com outro 'peso' - o tema central das comemorações do Dia Mundial da Arquitectura, cujo programa se estende de 1 de Outubro a 30 de Novembro, sob o título 'I Love Távora'.
“Fernando Távora foi uma figura enorme no plano cultural, arquitectónico e humano. Foi meu professor, como de Siza Vieira, e, no final do curso, as relações fundiram-se e passaram a amizade e companheirismo. Recordo as enriquecedoras viagens que com ele fiz, nomeadamente à Grécia, ao Egipto ou à Turquia. Era um pedagogo de grandes saberes.” arq. Alcino Soutinho
“É uma personagem que representa o século XX na Arquitectura portuguesa. Está muito ligado à História, que conhecia bem e tentava salvaguardar e recuperar – a sua obra no centro histórico de Guimarães é o momento mais importante dessa relação. Fez a ponte entre o passado e o presente, ajudando a lançar grandes arquitectos, como Siza Vieira, de quem foi professor e mestre.” Arq. Nuno Grande
TRÊS EXEMPLOS DE UMA OBRA NOTÁVEL
MUSEU SOARES DOS REIS
Criado em 1883, o Museu Nacional Soares dos Reis iniciou em 1992, na sequência da criação do Instituto Português de Museus, um projecto de renovação e expansão assumido por Fernando Távora, que foi concluído em 2001.
PALÁCIO DO FREIXO
A recuperação do Palácio do Freixo, obra de Nicolau Nasoni, e suas áreas envolventes foi uma das obras a que o arquitecto meteu ombros e que permitiu a requalificação da zona cultural do Freixo.
CENTRO DE GUIMARÃES
A Távora ficou a dever-se a classificação de Património da Humanidade do centro histórico de Guimarães, de cuja recuperação foi autor, e que lhe valeu diversos prémios internacionais de Arquitectura.
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