Victória Guerra é uma das revelações do filme 'As Linhas de Wellington', superprodução sobre as invasões napoleónicas que estreia em Portugal no dia 4 de Outubro.
Correio da Manhã - Conhecia bem o período da História de Portugal marcado pelas invasões napoleónicas?
Victória Guerra - Conhecia as linhas de Torres Vedras e Wellington, mas não o lado humano. Mais do que sabia da escola, procurei aprender o que as pessoas desse tempo passaram.
- Como preparou ‘Clarissa', a jovem inglesa residente em Portugal que interpreta em ‘As Linhas de Wellington'?
- Primeiro que tudo procurei perceber como as raparigas pensavam naquela época. A forma de falar com os homens, com as mulheres, de andar e de estar... Vi imensos filmes de época e, com livros de História, fui perceber o impacto da guerra nas pessoas, o que não é assim tão visível naquela personagem.
- Ela flutua acima de tudo aquilo...
- Acho que ela sente, mas não quer demonstrá-lo. Lembrei-me de como era aos 15 anos. As coisas com gravidade passavam-se um bocadinho ao lado. E depois o texto era fantástico - o Carlos [Saboga] fez um trabalho incrível e isso facilitou muito.
- Parece um papel feito à medida de uma luso-inglesa.
- Tenho dupla nacionalidade, pois o meu pai é português e a minha mãe inglesa. Fiquei fascinada por fazer um trabalho em inglês e logo um filme de época.
- Como definiria a sua personagem?
- É difícil... Já não é menina, ou pelo menos não quer sê-lo, mas também ainda não é mulher. Não tem mãe, o pai está doente e tem a governanta chata atrás. Quer fugir à tristeza e a tudo o que está a acontecer à sua volta. Tem muita esperança dentro dela, é uma pessoa muito fresca. É difícil encontrar uma palavra... É ‘sassy'. Diz aquilo que pensa, sem filtro, mas ao mesmo tempo sabe o que quer e sabe fazer com que aconteça.
- Numa das cenas do filme aparece completamente nua. Teve dúvidas em fazê-lo?
- A cena está lindíssima. Não vou dizer que não fiquei nervosa e que não foi estranho, como é óbvio, mas o Marcello Urgeghe é um actor incrível. Deixou-me à vontade e divertimo-nos imenso. O Andre Szankowsky [director de Fotografia], a Valeria [Sarmiento, realizadora do filme] e nós estávamos lá todos para o mesmo. Não tive tempo nem espaço para vergonhas, porque a cena faz todo o sentido. A Victória pode sentir-se desconfortável, mas a ‘Clarissa' não se sente de todo. (risos).
- É o que passa dessa cena...
- Só poderia funcionar assim. É uma das cenas que mostram como ela é: uma pessoa que tem à-vontade e confiança em si própria. E foi muito bem filmado: parece um quadro. Não me senti nada desconfortável. Fiquei muito feliz por a cena ter ficado daquela forma.
- Na mesma cena, ela comenta que aquela seria a primeira vez que iria fazer sexo com alguém que não era da sua família... Pensa que o público irá rir-se ou ficar chocado?
- Nas duas vezes que vi o filme, percebi que acharam imensa piada. É engraçado, porque quando fiz a cena não a levei por esse lado. Ela sentia-se triste por não ter conseguido ter sexo fora da família. E foi divertido ver a reacção do público a algo que não é a coisa mais normal do Mundo e até é um bocado chocante.
- Para quem começou nos ‘Morangos com Açúcar' e tem feito televisão, o que muda ao rodar uma cena de exteriores com dezenas de actores e figurantes à sua volta?
- Não há comparação possível. Uma coisa é fazer 20 ou 30 cenas por dia e outra coisa é rodar uma cena num dia inteiro, em que se está duas horas a preparar e depois entra-se num décor com milhares de figurantes, vestidos com trajes de época e todos sujos. É tão poderoso que estás mesmo ali. É mágico. Não tem nada a ver com um estúdio de televisão. Quando começo a filmar já não sou a Victória - sou a 'Clarissa' e entrego-me de uma forma completamente diferente.
- Fez-lhe alguma diferença ser dirigida por uma mulher?
- A Valeria teve muita sensibilidade com a minha personagem. Dizia-me muitas vezes que a ‘Clarissa' era como uma daquelas bonecas das caixas de música. Ela é de poucas palavras e todos tivemos espaço para criar e experimentar. Se não gostava ou achava que podia ser diferente, então dizia alguma coisa.
- Quando é que viu o filme pela última vez?
- Foi anteontem à noite, em Veneza. Foi arrepiante. Não se vê a guerra, mas sim o que a guerra faz às pessoas.
- Se lhe pedirem uma razão para ver ‘As Linhas de Wellington', o que diria?
- Uma? Há mil razões. O filme relembra aos portugueses o que aconteceu e a força que tivemos para superar dificuldades. E para ver o excelente trabalho dos actores e porque é um filme português e devemos acreditar no nosso cinema.
- Costuma ver filmes nacionais?
- Sim, tento.
- E qual é o seu favorito?
- Posso dizer que recentemente vi ‘Tabu' e fiquei absolutamente fascinada. Nunca tinha visto nada tão mágico...
- Depois de protagonizar uma curta-metragem premiada em Los Angeles e de ter este filme no Festival de Veneza, tem o sonho de uma carreira internacional?
- Tenho esse sonho e ser bilingue ajuda. Se é possível ou não, logo se vê.
PERFIL
Victória Guerra nasceu há 23 anos em Faro, filha de pai português e mãe inglesa. Estreou-se na série juvenil 'Morangos com Açúcar' em 2006 e desde então participou em várias telenovelas. Antes do seu papel em 'As Linhas de Wellington', protagonizou a curta-metragem 'Catarina e os Outros', onde interpretou uma adolescente seropositva.
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