O documento anónimo denunciando a existência de uma cabala contra o FC Porto, tendo Luís Filipe Vieira como mentor, serve para pressionar a equipa de Maria José Morgado, que continua a investigar os negócios do futebol português. Esta é a convicção de alguns elementos da equipa da magistrada, embora aquela, directamente visada na denúncia, evite prestar qualquer esclarecimento sobre o conteúdo da mesma. “Não comento”, disse peremptoriamente ao CM.
Fontes policiais por nós contactadas garantem, no entanto, que o mesmo documento não foi escrito por ninguém da PJ. Primeiro, porque mistura informação obtida pelas mais variadas fontes, depois porque ignora as regras dos processos e o início da investigação do ‘Apito Dourado’.
Designadamente, o porquê de as escutas terem visado apenas os dirigentes do Norte. No caso, tal aconteceu porque a investigação centrava--se nos resultados da 2.ª B e na possibilidade de o Gondomar estar a ser beneficiado devido à intervenção de Valentim Loureiro. Foi através destes elementos, conjugados com uma queixa feita por um árbitro, que a Polícia Judiciária do Porto iniciou a investigação e colocou os dirigentes do Gondomar e da arbitragem da Federação (responsáveis pela nomeação da II Liga) sob escuta. Tal como também já foi tornado público, o processo foi depois investigado no mais profundo segredo, para evitar fugas de informação, o que mais tarde levou à demissão da direcção da PJ do Porto.
Havendo também regras de competência territorial nas investigações (o Ministério Público de Gondomar não pode, por exemplo, e com base em qualquer denúncia anónima que não esteja relacionada com um processo que ali corra, investigar crimes cometidos noutra comarca) que não foram colocados quaisquer outros dirigentes sob escuta. O que contraria a denúncia anónima, que mistura alegadas investigações feitas pela PJ de Lisboa a Luís Filipe Vieira ao processo iniciado no Porto. “Nada disto faz sentido. O facto de o documento ter um timbre da PJ não significa rigorosamente nada. Basta um scanner para fazer um documento alegadamente autêntico, e o facto de ter sido feito por um polícia nem sequer lhe dava mais credibilidade. Levaría-nos, quanto muito, a pensar o porquê de essa mesma pessoa não ter denunciado a existência de uma dita cabala a tempo de a evitar”, disse uma fonte policial ao CM.
Refira-se ainda que o mesmo dossiê, composto por 27 páginas mas sem o relato de qualquer facto novo, foi enviado para a Procuradoria-Geral da República, que já confirmou a sua recepção. Seguiu depois para a Federação, a Liga de Clubes, o DIAP do Porto e o FC Porto. As Produções Fictícias, que são responsáveis pela rodagem do filme ‘Corrupção’, inspirado na história de Carolina Salgado, também receberam uma cópia do mesmo documento.
A PJ de Lisboa, no entanto, ainda não o recebeu, sendo aquela a entidade que em caso de investigação terá de dar início a uma averiguação preventiva.
ADELINO É O 'CONDE REDONDO'
Na entrevista dada por Luís Filipe Vieira à SIC, na sequência de uma queixa anónima enviada para a Procuradoria-Geral da República, o líder benfiquista fala de um “Conde Redondo”. “Já me tinham dito que o contra-ataque ia começar. Mas quero dizer ao Conde Redondo que não há contra-ataque”, disse Luís Filipe Vieira, referindo-se, soube o CM, a Adelino Caldeira, administrador da SAD do FC Porto. O nome ‘Conde Redondo’ prende-se com o aspecto físico de Adelino Caldeira, fiel seguidor de Pinto da Costa, que acompanhou o presidente dos azuis e brancos ao tribunal no dia da sua prisão.
VIEIRA PAGAVA A TUDO E TODOS
O nome de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, é o que é mais vezes referido como mentor da cabala organizada contra o FC Porto. O dirigente encarnado é acusado de pagar aos investigadores e à ex-companheira de Pinto da Costa, sendo ainda referido que está envolvido no tráfico de estupefacientes e no tráfico de obras de arte.
Relativamente ao futebol, o documento dá conta de que manteria reuniões secretas com Luís Guilherme, responsável pela arbitragem da Liga, para que fossem escolhidos os árbitros da sua preferência. José Veiga, ex-director-geral do Benfica, é outro dos alvos, mas as suas “actividades criminosas” teriam servido para beneficiar o Alverca no tempo em que era o homem-forte daquele clube.
M. JOSÉ MORGADO
Maria José Morgado é o primeiro alvo. É acusada de ter beneficiado Luís Filipe Vieira quando esteve na direcção da PJ e a denúncia acusa o seu marido, o fiscalista Saldanha Sanches, de ser um “assalariado” do Benfica.
MANUEL CARVALHO
O inspector-chefe da PJ também é atingido. Diz a denúncia que também recebeu dinheiro de Luís Filipe Vieira mas não relata qualquer facto que o demonstre.
SÉRGIO BAGULHO
O inspector da PJ que a irmã de Carolina Salgado já acusou de ter manipulado o depoimento da ex-companheira de Pinto da Costa é também descrito como amigo de Vieira. Mais uma vez, a denúncia diz que foi “comprado” mas não se sabe nem onde, nem quando.
CAROLINA SALGADO
Carolina Salgado é o principal alvo da denúncia. Descrita como uma perigosa criminosa – que já cometeu crimes de furto, extorsão e até tentativas de homicídio –, o dossiê dá ainda conta de que recebeu avultadas quantias de Luís Filipe Vieira e de Leonor Pinhão. Uma das tranches, garante-se no documento, teria sido depositada num banco de Tui (Espanha).
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