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Testas-de-ferro investigados

Cinco consultores no negócio dos submersíveis são suspeitos de terem servido de veículos para o pagamento de alegadas ‘luvas’ a terceiros.

24 de abril de 2010 às 00:30

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) determinou a quebra do sigilo bancário a cinco indivíduos que intervieram no processo de aquisição dos dois submarinos como consultores, mas que, segundo o CM apurou, são suspeitos de terem actuado como testas-de-ferro de terceiros interessados no negócio. A um desses consultores, identificado num documento incluído no ‘processo das contrapartidas’ como Vitali Sourvillo, foram pedidas informações sobre contas e extractos bancários em 16 instituições financeiras portuguesas e estrangeiras no período compreendido entre Janeiro de 2003 e Dezembro de 2006.

Os investigadores têm vindo a recolher elementos bancários, desde o final de 2007, com vista a 'apurar quais os circuitos financeiros utilizados pelos diversos intervenientes no concurso dos submarinos', como precisa um documento integrado no ‘processo das contrapartidas’ que o CM consultou no Tribunal Central de Instrução Criminal. Com essa informação recolhida, pretende-se agora identificar os destinatários finais das alegadas vantagens patrimoniais relevantes (dinheiro e outros bens) obtidas por terceiros no negócio dos submersíveis, adquiridos em 2004 ao German Submarine Consortium (GSC), através de testas-de-ferro.

A quebra do sigilo bancário foi determinada, segundo um documento incluído no ‘processo das contrapartidas’, a Fernando José Camacho Baptista da Costa Freire, Francisco Gil Ramos, Nuno Miguel Gouveia Firmino da Cruz, Vitali Sourvillo e Francisco Manuel Patrocínio Castelo. A informação bancária destes indivíduos, relativa ao período entre Janeiro de 2003 e Dezembro de 2006, foi pedida a várias instituições financeiras, mas o caso mais relevante diz respeito a Vitali Sourvillo.

O DCIAP pediu elementos sobre as contas deste consultor a 16 bancos: CGD, Banif, Finantia, BNP Paribas, BPN, BPI, City Bank, Montepio Geral, Finibanco, Banco Popular Portugal, BCP, Banco Totta & Açores – Banco Santander, BES, Deutsch Bank e Banco Bilbao Viscaya Argentaria.

REPRESENTANTES DOS CONSÓRCIOS VISTOS À LUPA 

Os representantes do GSC, comandante Gil Correia Figueira, e dos franceses da DCN-I (que perderam o concurso de fornecimentos dos submarinos), Luís Manuel Nogueira, também estão a ser investigados.

O DCIAP solicitou uma busca de informações na Dun & Bradstreet, a maior base de dados do Mundo de compras empresa-empresa, sobre a firma Vilsene – Sociedade de Representação, cujo rosto era Luís Manuel Nogueira, e sobre as firmas representadas ou participadas por Gil Figueira.

PORMENORES

VANTAGENS RELEVANTES 

O DCIAP suspeita que GSC terá proporcionado aos representantes do Estado português ou a entidades terceiras 'vantagens patrimoniais relevantes, que aqueles aceitaram'.

PAGAMENTOS DE 'LUVAS'

O negócio dos submarinos é investigado, de forma autónoma, em Portugal e na Alemanha. Ambas já apuraram indícios do pagamento de ‘luvas’ de 1,6 milhões de euros a vários intervenientes.

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