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Crianças expostas a vários perigos em plantações de tabaco africanas

Human Rights Watch denuncia condições duras de campos no Zimbabué.

05 de abril de 2018 às 11:37

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) denunciou esta quinta-feira os perigos aos quais estão expostas as crianças que trabalham nas plantações de tabaco no Zimbabué.

O tabaco é o produto de exportação mais valioso do Zimbabué e a HRW pediu às empresas tabaqueiras internacionais que não comprem produto resultante do trabalho infantil.

"As empresas que se abastecem de tabaco no Zimbábue devem garantir que não estão a comprar culturas produzidas por crianças trabalhadoras, que põem em risco a sua saúde e a sua educação", afirmou a especialista da HRW Margaret Wurth.

A especialista da HRW é coautora do relatório "Um cultivo amargo: trabalho infantil e abusos dos direitos humanos nas plantações de tabaco do Zimbábue", publicado esta quinta-feira, que através de 125 entrevistas com trabalhadores dessas culturas - incluindo crianças - expõem as condições difíceis e nocivas a que estão expostos.

"As crianças que trabalham estão expostas à nicotina e aos pesticidas tóxicos e muitas sofrem sintomas relacionados ao envenenamento por nicotina ao manusear as folhas do tabaco", diz a ONG.

Estão expostas à chamada "doença do tabaco verde", de acordo com a HRW, que é causada pela absorção através da pele da nicotina e que causa náuseas, vômitos, dores de cabeça e tontura.

"No primeiro dia de trabalho, eu comecei a vomitar", disse um adolescente de 15 anos numas das entrevistas realizadas pela Human Rights Watch, acrescentando que padece de dores de cabeça e tonturas constantes.

A HRW documentou casos de crianças de 12 anos que trabalham nestas plantações, como Mercy (nome fictício), que relatou que sofre de náuseas devido aos odores emanados das substâncias químicas que manipulam para a fumigação.

O Zimbabué, que proíbe o trabalho a menores de 16 anos de trabalho e o trabalho pesado a menores de 18 anos, é o sexto maior produtor de tabaco do mundo e gerou uma receita de 933 milhões de dólares (760,8 milhões de euros) em 2016, de acordo com o documento.

O país fornece grandes empresas como a British American Tobacco ou a Japan Tobacco Group, que devem cumprir com as leis internacionais do trabalho e, portanto, não contribuir para o trabalho infantil ou abusos dos direitos humanos, recordou a ONG.

"A HRW descobriu que existem grandes lacunas na execução e na vigilância das políticas internas dessas empresas", que proíbem aos seus fornecedores de usar crianças na indústria.

Contactado pela ONG, o Governo do país africano nega ter qualquer informação sobre crianças que trabalham na indústria do tabaco.

A HRW acusa o Governo do Zimbabué e as empresas de não fornecerem informações, formação e equipamentos de segurança suficientes aos seus funcionários para evitar esses envenenamentos.

Embora o estudo se concentre no Zimbabué, a HRW alertou que a insegurança para os trabalhadores no setor do tabaco é uma situação que se repete em muitos outros países do mundo, incluindo os Estados Unidos.

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