Carlos Anjos
Presidente da Comissão de Proteção de Vítimas de CrimesSobre os incêndios, assinalem-se as corajosas declarações do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes. Disse o secretário de Estado, e passo a citar, "há muito interesse por detrás disto tudo" e que "há quem diga que a indústria do fogo dá dinheiro a muita gente". Referiu ainda acreditar que "uma parte significativa dos incêndios têm mão criminosa, pois deflagram às 4 da manhã com frentes de cinco quilómetros de extensão".
Quanto à mão humana por detrás dos incêndios, ela existe sempre, umas vezes de forma criminosa, outras negligente. Mão criminosa naqueles que são postos com intenção dolosa, como o da Madeira, e por negligência, como nos casos das queimadas, das beatas de cigarros ou outras. Mas o que é novo nas declarações do secretário de Estado é o Negócio do Fogo. Estas declarações têm um problema: até hoje, não me recordo de ter sido possível ligar um dos muitos incendiários detidos e condenados a um qualquer interesse privado com os fogos. Esta ligação nunca foi comprovada. Mas que se fala que ela existe, lá isso fala. Mas não tenhamos nenhuma dúvida: existe mesmo um negócio do fogo. Se o Estado gasta anualmente cerca de 100 milhões de euros com o combate aos incêndios, existe um negócio. Este dinheiro sai do Estado e tem que ir para alguém, mesmo que seja para pagar um serviço.
É por isso que o secretário de Estado tem de nos dizer quem lucra com esse dinheiro, ainda que de forma lícita. Temos o direito de saber quanto é pago pelos meios aéreos no combate aos fogos e a quem é pago, como temos de saber quanto paga o Estado pela manutenção dessas aeronaves e a quem, como temos de saber a quem são adquiridas as mangueiras, os carros, as fardas, os extintores e quanto se gasta com a compra deste material. Por último, temos de saber se alguma destas empresas, ou as pessoas que as lideram, direta ou indiretamente, estão ligadas ao combate aos incêndios, nomeadamente aos bombeiros.
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Prisão preventiva é a única medida de coação que protege a sociedade.
Provados os crimes, devem ser exemplarmente punidos.
Este é o crime do homem comum, crime que infelizmente, pode ser cometido pelo nosso melhor amigo.
Não pode haver contemplações e muito menos desculpas para este tipo de comportamentos.
Tudo isto cheira a mais uma tentativa para bloquear o julgamento.
Uma abordagem no mar ou no rio, é muito mais difícil que uma abordagem em terra.