Este concidadão disse o mesmo que escrevo há anos: mais informação causa mais insatisfação. "Estamos em Julho, no Alentejo sempre houve calor deste género. Só que não havia televisão a dizer que havia 45 graus e as pessoas nem se apercebiam".
Parece que a efervescência colectiva com as selecções nacionais de futebol só se activa quando os jogos passam na televisão. A selecção de sub-19 em futebol foi até à final, mas isso não bastou para animar os portugueses. Só existe o que passa na TV.
Victor Bandarra (TVI) voltou à mesma aldeia 20 anos depois: Vale da Mula, Almeida, encostada a Espanha. Encontrou protagonistas, outros morreram ou emigraram. Viu o que se mantém e o que mudou. Bom exemplo de como a TV pode ser mais que o presente fugaz.
Rosa Cullell, administradora da Media Capital, chegou atrasada à conferência da Altice, foi admoestada para se levantar e falar em inglês, ofereceu-se para continuar e foi recontratada pelo novo patrão - tudo em directo! Que excitante, a TV em directo!
António Costa desancou a Altice no parlamento, mas no dia seguinte Marcelo recebeu a empresa. Foi um primeiro sinal de fractura entre o primeiro-ministro e o presidente. Havia de ser em redor da televisão, a que ambos dedicam demasiada importância.
Vi uns pedacinhos de ‘Love on Top’ (TVI). Uma chanchada de gajos e gajas. Nesses minutos, dois gajos musculados e tatuados discutiam aos gritos num histerismo que geralmente os machistas atribuem às gajas que se roubam mutuamente namorados de ocasião.
Audiência
GANÂNCIA: Sócrates e a sua putativa namorada em melhores dias, Câncio, perderam recentemente processos contra o CM e a ‘Sábado’. Um queria 250 mil euros por se ter noticiado a sua vida em Paris; a outra, jornalista (!), queria censura prévia de notícias (!!) em media por si seleccionados (!!!) e 200 mil euros por cada notícia. Choca tanto o desejo de censura como a cobiça do dinheiro dos outros.
ACOMODADOS: Em 5 dias de Julho os canais generalistas não somaram metade da audiência de TV em directo. A RTP2 ficou atrás de meia dúzia de canais cabo; os três principais generalistas perdem em relação a anos anteriores. Acomodaram-se: como o comboio a vapor, que resistiu como curiosidade turística no mundo da electricidade, os generalistas resistem como curiosidade analógica no mundo digital.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Também me chocou que no Fundão tivessem visto a divulgação do caso como um "ataque" ao povo
Em Gouveia e Melo pressente-se a irascibilidade, a falta de preparação mínima, os acessos de cólera.
A ideologia do ofendidismo woke contribuiu para abalar a reputação do jornalismo, de todo ele.
Noutros tempos, falava-se e vivia-se politicamente com um leque amplo de conceitos; passámos a dois.
Mercantilização de debates é lamentável por parte da SIC e TVI, mas é repugnante no caso da RTP.
Eu tinha 15 anos quando li a 6 de janeiro de 1973 a primeira edição do 'Expresso'.