Lula da Silva negou ontem ter recebido subornos e disse que quer ser julgado pelo povo, não tanto pela justiça.
O ex-presidente brasileiro não foi convincente perante o juiz Sérgio Moro, mas colocou-se no plano das divindades políticas, ungidas pela legitimidade do voto popular, que não se submetem à justiça dos homens.
Lula, Berlusconi, Sócrates, Fillon, Sarkozy, todos a mesma luta.
Sobre Lula e as suas contradições pouco há a dizer. O que mais impressiona é a cegueira da esquerda portuguesa, sobretudo do BE, que se tem agarrado à solidariedade com Lula (e Sócrates) através do velho maniqueísmo moral de que só os políticos de direita cometem crimes. Uns devem ser ‘julgados’ pelo povo, outros obrigatoriamente pela justiça.
Fogem do debate sobre o reforço do combate à corrupção como o diabo da cruz e apresentam-se como sacerdotes exclusivos dos direitos fundamentais na discussão sobre a colaboração premiada. Pode ser que um dia se enganem. Pode ser que, um dia, o povo faça questão de lhes dizer que ser de esquerda não é isso, mas sim lutar para que todos os homens sejam efetivamente tratados por igual perante a justiça. Os Lulas e os Zés-Ninguém.
Essa sim, deveria ser a causa de uma esquerda sintonizada com valores de justiça.
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