Um dos efeitos perniciosos dos ‘princípios’ económicos da geringonça (ou até só do PS, como se viu no discurso de Costa há dois dias) é a ideia de que tudo estava bem com a economia até à coligação de direita e à troika. Pois convém lembrar que nada estava bem: o défice orçamental em 2010 foi de 11% do PIB e o endividamento externo de 100%, a piorar desde 1995. As coisas não podiam continuar assim e não continuaram: a direita e a troika cortaram o défice à bruta e com isso reduziram também o desequilíbrio externo. A consequência foi uma crise dramática. Mas isso só serviu para ilustrar o fio da navalha da nossa economia: crescimento ou equilíbrio externo.
O PS surgiu em 2015 a explicar que tudo se resolvia com a devolução de rendimentos dos funcionários, que levaria ao crescimento do consumo e, logo, da economia. Na prática, isso não pôde ser feito, porque a União Europeia não deixou: os rendimentos foram devolvidos, mas os cortes vieram de outro modo. Claro que a austeridade foi menor, por duas razões: porque o ponto de partida era melhor (ou seja, o défice deixado pela coligação era já baixo) e, mais importante, porque veio a loucura do turismo. O turismo tem a vantagem de ser uma exportação, o que melhora o fio da navalha entre crescimento e equilíbrio externo. Nada disto tem que ver com as ideias do PS.
Só que agora o crescimento voltou mais forte e, com ele, bate o desequilíbrio externo. O turismo será uma exportação, mas gera procura interna: investimento (vê-se na recuperação de casas) e consumo. Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, o défice externo agravou, mesmo com o turismo em alta.
O problema da geringonça é querer fazer-nos acreditar que foi a sua solução a acabar com a crise. Não foi. E também não fez nada para resolver o velho dilema entre crescimento e equilíbrio externo. Ele já está aí a bater leve, levemente…
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