Não admira que António Costa mantenha ‘toda a confiança’ no ‘senhor ministro das Finanças’: é que atrás do ‘senhor ministro das Finanças’ teria de vir também o ‘senhor primeiro-ministro’. Não é admissível que a baralhada da Caixa Geral de Depósitos (CGD) se tenha passado sem a supervisão do ‘senhor primeiro- -ministro’. Das duas uma: ou passou e então o ‘senhor primeiro-ministro’ é um irresponsável; ou não passou e o ‘senhor primeiro-ministro’ é o verdadeiro responsável.
Sendo que os contornos da baralhada vão muito além da ninharia da declaração de rendimentos de António Domingues. Começa logo no motivo para o contratar: a sua tarefa era aplicar um plano de reforma da CGD que incluía o despedimento de milhares de trabalhadores e o encerramento de centenas de balcões a fim de a tornar semelhante aos bancos privados. Esta semelhança com o privado alargava-se aos seus gestores. Seria bom que a esquerda amante do sector público explicasse esta descaracterização da CGD e onde quer chegar no final: à privatização? Note-se que é ainda à essência deste plano que a nova administração da CGD está obrigada.
Acresce que, para levar isto à prática, o Governo decidiu fazer ‘outsourcing’ da legislação ao próprio Domingues. Ou melhor, ao seu escritório de advogados, que escreveu o decreto-lei. Ora, um governo que abdica do papel para que foi eleito e o dá a alguém directamente interessado em condições de excepção e num salário milionário não percebe bem o que é ser Governo.
Somando-se a tudo o incrível papel a que se prestou o Presidente da República, que desde o início fez parte da baralhada. Talvez o Presidente devesse perceber que ele é o guardião do ‘regular funcionamento das instituições’ e que, para isso, tem de manter o Governo à distância. Se não o faz, não se protege a si e não protege as instituições. E não é disso que precisamos.
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