Muita gente na direita continua a alimentar a esperança de que um dia a União Europeia (UE) venha a pôr travão aos ‘desvarios’ da geringonça: se anda toda a gente satisfeita com a devolução de rendimentos e o PSD não consegue montar uma oposição eficaz, talvez a UE sirva como ‘outsourcing’ de oposição. Quem sou eu para fazer profecias, mas não me parece que vá acontecer. Por duas razões. Uma é que a geringonça não faz grandes ‘desvarios’: substituiu uma austeridade por outra, diferente da anterior só por ser mais escondida. A segunda é que a UE passou a aceitar e até mesmo a recomendar défices orçamentais. Por exemplo, a Comissão Europeia (CE) não acredita que o Governo português venha a cumprir o orçamento de 2017, mas disse que não se importava.
Pois é, a UE mudou. Já não estamos perante o velho guardião da ortodoxia financeira que tanto infernizou a nossa vida. Na última avaliação dos orçamentos dos vários países, no início de Novembro, apenas um país foi alvo de críticas da CE: a Alemanha. Porque tinha um défice demasiado elevado? Não, justamente porque não tinha défice nenhum. Percebe-se o que se está a passar: a UE está em pânico com os (mal apelidados) ‘populismos’: o ‘Brexit’, Trump e agora Norbert Hofer, Beppe Grillo e Le Pen. Por isso, em vez de dificultar a vida dos actuais governos ‘respeitáveis’, prefere dar-lhes um bocadinho de oxigénio que mantenha os eleitorados satisfeitos.
No tempo de Pedro Passos Coelho, Portugal passava por aluno exemplar dos programas de austeridade. Ser o ‘bom aluno europeu’ é, aliás, uma velha tradição portuguesa, de quase 40 anos, quando entrámos na UE. Parece que agora, com a geringonça, continua a sê-lo. A diferença está em que os critérios de avaliação do mestre mudaram. A direita arrisca- -se a viver numa grande ilusão se acha que um dia vai ser a UE a cortar as pernas à geringonça.
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