Pode não parecer, mas o caso da Caixa Geral de Depósitos é mais uma consequência da geringonça. Relembre-se o que é a geringonça: uma maneira de o PS estar no Governo enquanto o BE e o PCP só se associam a ele nas coisas boas roendo a corda nas más. É o caso: era preciso um gestor de créditos firmados para salvar a sacrossanta Caixa; o gestor pede escusa do estatuto de gestor público; o Governo sabe que os parceiros da geringonça nunca aceitariam; faz uma negociação clandestina para impor a solução por decreto; a coisa surge na televisão e vai tudo por água abaixo. Não contem com a geringonça para medidas difíceis. É um padrão.
Assim como é um padrão o estilo de negociação nebuloso de António Costa. A própria geringonça resulta disso: faço uns acordos que me deixam no Governo, mas refém do BE e do PCP; eles não me apoiarão sempre, mas, olha, logo se vê. E viu: no caso da TSU, ou neste da Caixa, ambos obrigando a mais negociações obscuras, com a promessa (num caso aos parceiros sociais, no outro a António Domingues) de uma coisa que não se sabe poder cumprir. Tudo porque a geringonça não deixa.
Sendo que se junta aqui um terceiro padrão: o de um Presidente da República incontinente, que soma confusão a tudo o que toca. A direita foi a primeira a queixar-se; depois, foi a extrema-esquerda; agora, é o próprio PS. Um dia destes já ninguém confia nele. O Presidente deve achar que a sua popularidade de estrela pop aguenta tudo. Mas ele deveria saber que a popularidade é um amante volúvel: num dia está lá, no outro foi-se de vez.
A sorte do Presidente vai-se decidir nas instituições, na relação com os partidos e o Governo. Rapidamente eles montam uma campanha de ridicularização do seu estilo de presidência. E então não será capaz de desempenhar a sua função essencial: regular o sistema político. Como alguém já disse: ele que se cuide.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Os muçulmanos franceses estão cada vez mais radicalizados, sobretudo os jovens.
Passados 50 anos, deveria ser fácil reconhecer que o PCP foi um dos vencedores do 25 de Novembro.
Países com muito maior tradição de envolvimento de sindicatos nas de- cisões têm legislações mais liberais.
Mamdani captou o descontentamento de uma certa classe média intelectual descendente.
Muito cuidado na escolha para o desempenho do cargo, para que o PR não seja um grande perturbador do regime.
"Debate" sobre a "Lei da burca" parece a comédia dos erros, onde ninguém é aquilo que assemelha ser.