As eleições na Alemanha, no último domingo, mostraram como uma das decisões mais humanistas e mais solidárias dos últimos tempos acabou por ser altamente penalizadora para quem a tomou. Angela Merkel venceu as eleições - pela quarta vez consecutiva - mas a sua política de imigração, que abriu (e bem) as portas da Alemanha a mais de um milhão de imigrantes e refugiados, teve o perverso efeito de também ter aberto as portas do parlamento alemão à extrema-direita.
Os tempos que se aproximam não serão fáceis para Merkel, para a Alemanha, para a Europa e para os países do Sul, nos quais se inclui Portugal. As dificuldades de Merkel começam logo no jogo de equilíbrios que terá que conseguir na futura coligação com os Verdes e a direita liberal (FDP), dois partidos com visões opostas em muitas matérias.
Além disso, a chanceler já disse também que quer recuperar o eleitorado perdido para a extrema-direita, um objectivo que não se afigura fácil, sobretudo se não ceder a apelos populistas. Por outro lado, uma Alemanha menos coesa na sua visão para a Europa, com vozes a clamar num sentido e noutro, tenderá a afectar a coesão da própria Europa. Um problema também para o presidente Macron, que precisava de uma Merkel forte para assentar a revitalização do projecto europeu num eixo franco-alemão robustecido. E finalmente, para os países do Sul, as perspectivas também não parecem ser animadoras.
Confirmando-se a saída do ministro Schäuble para a presidência do Bundestag (o parlamento alemão) e a entrega das Finanças a um ministro do FDP, é muito provável que se altere o paradigma da (relativa) solidariedade que tem até agora existido entre os Estados-membros do euro – uma mudança que não deverá ser para melhor, bem entendido. É por estas e por outras que ainda vamos ouvir muito boa gente a dizer: "Volta, Schäuble, estás perdoado!".
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