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Conflito diplomático entre Portugal e Bolívia

Portugal recusa aterragem a avião de Evo Morales por suspeitas de que Snowden estaria a bordo. Bolívia considera que se cometeu "uma injustiça com suspeitas infundadas"

03 de julho de 2013 às 01:00

Portugal recusou terça-feira a aterragem para reabastecimento do avião do Presidente da Bolívia, Evo Morales, por "suspeitas infundadas" de que Edward Snowden, um informático que fugiu dos Estados Unidos, estava a bordo, afirmou o chefe da diplomacia boliviano.

Numa conferência de imprensa, o conselheiro governamental David Choquehuanca, citado pela agência Efe, negou que Snowden estivesse a bordo e referiu que o avião de Morales, que regressava de Moscovo, pode aterrar em Viena.

“Portugal e a França têm de nos dar explicações” afirmou David Choquehuanca, ministro boliviano, acrescentando que foi cometida "uma injustiça com suspeitas infundadas".

"Não podemos mentir à comunidade internacional levando passageiros fantasma, por isso queremos expressar o nosso incómodo porque se pôs em risco a vida de um Presidente. Vimos discriminação, querem seguramente amedrontar-nos", contou Choquehuanca.

O ministro disse que meia hora antes da aterragem prevista para Lisboa, as autoridades comunicaram ao avião de Morales que a autorização era anulada e que pouco depois receberam uma notificação de França proibindo o aparelho de sobrevoar o seu território.

"Não sabemos de onde veio essa informação mal intencionada, essa enorme mentira. Estamos a averiguar”, acrescentou o ministro.

EMBAIXADOR DE PORTUGAL CONVOCADO

Os embaixadores de Portugal e da França em La Paz vão ser convocados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bolívia para consulta, na sequência do incidente com o avião de Morales, indicou o organismo, citado pela agência EFE.

O embaixador em La Paz é o diplomata acreditado em Lima, capital do Peru, segundo o portal do Governo, pelo que para o encontro deverá ser convocada Helena Margarida Rezende de Almeida Coutinho, em vez do cônsul-geral de Portugal em La Paz, George Rezvani Albuquerque.

"O Presidente bolivariano foi sequestrado hoje [esta terça-feira] pelo imperialismo", afirmou o vice-presidente da Bolívia, Alvaro Garcia Linera, em declarações citadas pela EFE.

O incidente com o avião de Evo Morales desencadeou uma 'crise' entre a Europa e a América Latina, com a Bolívia a qualificar como "prepotente" a recusa de vários países europeus em deixar aterrar ou sobrevoar o avião presidencial, no qual se suspeitava que poderia viajar o ex-analista da CIA Edward Snowden.

A Bolívia figura como um dos 21 países aos quais, segundo o portal do WikiLeaks, Snowden solicitou asilo, ainda que o Executivo deste país andino tenha garantido, terça-feira, não ter recebido qualquer pedido.

Contudo, numa entrevista concedida esta semana a um canal de televisão russo, Evo Morales afirmou que estaria aberto a "debater, a analisar" o assunto em caso de haver pedido.

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