page view

"A base de dados de ADN ainda é insuficiente", diz Carlos Farinha

Em Pedrógão, o ‘CSI’ da PJ foi chamado a ajudar a identificar mortos.

07 de agosto de 2017 às 09:51

É diretor do ‘CSI’ da Polícia Judiciária, um órgão que tem sido determinante em muitas investigações criminais. Outra das valências é a identificação em cenários de exceção e os resultados mais recentes, em Pedrógão e Lamego, mostram a importância deste trabalho. A única crítica de Carlos Farinha vai para a base de dados de ADN, que continua a ser insuficiente.

Correio da Manhã – O que são os cenários de exceção?

– São cenários de geometria variável que convocam respostas multidisciplinares e que têm como denominador comum a complexidade além daquilo que é respondido pela resposta normal. O Instituto Nacional de Medicina Legal e a PJ desenvolveram esta valência e fomos chamados a ajudar na identificação das vítimas, por exemplo, do desastre do avião da Namíbia ou no Haiti. No plano nacional, foi também assim na catástrofe da Madeira, em Lamego e agora em Pedrógão.

– Que tipo de indicadores são usados na identificação?

– Temos os indicadores biométricos primários que são as impressões digitais, o ADN e a odontologia. Além destes há todos os outros dados - secundários - que podem contribuir para a identificação. Falamos de um adereço, uma peça de vestuário ou uma tatuagem. Em conjunto podem substituir-se aos primários.

– Podem também recorrer a outros organismos para identificar um cadáver?

– Há possibilidade de recorrer à base de dados do Instituto de Registos e Notariado, apenas para efeitos de identificação civil. Depois temos ainda a base de dados de ADN que ainda é insuficiente.

– A pressa da identificação de um cadáver pode levar a dados errados?

– Todo este processo deve ser célere, mas rigoroso. Tem uma morosidade própria. Não há margem de precipitações.

– O LPC colabora com outras entidades estrangeiras?

– Desde 2013 que acompanhamos a doutrina da Interpol. E a preocupação com o treino e o aumento da aptidão não nasceu em Pedrógão. Em todas as situações há oportunidades de melhoria. Estamos abertos a introduzir correções.

PERFIL 

Carlos Farinha, coordenador superior da Polícia Judiciária, é diretor do Laboratório de Polícia Científica, desde abril de 2009. Anteriormente, dirigiu a diretoria de Lisboa, da PJ, e chefiou os departamentos da Madeira e Leiria. Esteve também na direção do combate ao crime económico quando o departamento era dirigido por Maria José Morgado. É quadro da PJ desde 1981, onde começou na perícia criminalística.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8