Bispo da Universal, braço-direito de Edir, mostrou o filho para provar que Deus salvava toxicodependentes. Jovem morreu aos 19 anos.
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A vida de Fábio, a terceira criança adotada por Alice Cardoso, a testa de ferro da seita que levou os três irmãos da Amadora, foi tudo menos fácil. O rapaz, que morreu aos 19 anos, começou muito cedo a consumir drogas duras. Mais do que isso: o homem que dizia ser seu pai adotivo - o bispo Romualdo Panceiro - expôs a sua vida na internet, para convencer os crentes de que a IURD salvava os jovens da droga. A sua vida foi completamente devassada.
O vídeo colocado no YouTube tem três minutos e 59 segundos. É composto por dezenas de fotografias de Fábio, desde bebé, acompanhado dos que dizem ser os seus pais. Ao longo de todo o vídeo, uma música brasileira vai passando a mensagem: de que os pecados estão sempre a desafiar, mas quem escolhe Deus salva-se.
A história de Fábio está longe de ter sido marcada pela salvação. Foi entregue a Romualdo com apenas um ano, mas depois foi 'tirado' por Alice quando aquela saiu da igreja. Regressou à casa do bispo, que é o braço-direito de Edir Macedo, quando tinha 18 anos. Ainda fez um vídeo motivacional, mas morreu um ano depois.
Também na internet, Romualdo Panceiro disse que o filho morreu de overdose nos Estados Unidos, onde a família se encontrava. A sua mulher, Márcia, apresentou também na internet uma versão diferente. Disse que Fábio morreu a dormir, de ataque cardíaco.
Romualdo Panceiro também tem um passado ligado às drogas. Já o tinha assumido numa entrevista dada a Edir Macedo, na televisão Record, em que contou que a sua mãe era espancada pelo pai e que muito cedo começou a consumir drogas.
A adoção nunca foi muito clara. Romualdo Panceiro sempre disse que Fábio era o seu filho, mas nunca assumiu que a mãe adotiva era afinal uma portuguesa, residente nos Estados Unidos. Fábio, Vera e Luís (os dois últimos viveram com a filha de Edir Macedo) nunca foram apresentados como irmãos.
Falam de morte recente de irmão
Vera e Luís, que publicaram um vídeo no YouTube a defender a legalidade da adoção e a família de Edir Macedo, disseram que o irmão tinha morrido recentemente, embora tivesse sido no verão de 2015. Falaram também de ataque cardíaco e não de drogas.
Família perfeita vendida em montra
É mais um vídeo motivacional, de uma família perfeita. Aparecem Viviane Freitas, filha de Edir Macedo; o bispo Júlio, o seu marido; e os dois filhos, Vera e Luís. São mostrados ao Mundo ao som de uma música americana, em que se apela ao fortalecimento dos laços familiares. São revelados como a família perfeita, omite-se que ambos nunca sequer foram adotados pelo casal.
Sabe-se agora que Vera e Luís foram levados de uma mulher da Amadora e que tinham ainda um irmão mais novo, de nome Fábio. Viveram com uma portuguesa até ao fim da adolescência e só viajaram para o Brasil há poucos anos.
Vera e Luís foram duas das várias crianças cuja adoção foi tratada por Nídia Magalhães. A advogada adotou também pelo menos mais duas crianças do mesmo lar - as gémeas Daniela e Cristele -, ao que tudo indica à revelia da família biológica.
Não se sabe quantas adoções poderão estar em causa. Apenas que as crianças eram encaminhadas para famílias ligadas à IURD.
PORMENORES
Regista morte na internet
A morte de Fábio foi também registada na internet, numa página pessoal do bispo Rómulo. Diz que Deus fez tudo para salvar o filho, mas não conseguiu. Assume a overdose.
Instituto de crianças
A denúncia de corrupção nas adoções foi feita pelo Instituto de Apoio à Criança, através da linha SOS. Davam ainda conta de que irmãos eram separados.
Sujeitos a vasectomia
A adoção de crianças foi determinada pelo bispo Edir Macedo, que dá indicações aos bispos para serem sujeitos a vasectomias. Quem o denuncia é um bispo que entretanto saiu.
Confidencialidade
Alice Gouveia assinou um contrato de confidencialidade que a impede de dar entrevistas sobre a forma como as crianças foram adotadas. Se quebrar o contrato tem de indemnizar os bispos.
Falsos seropositivos
O relatório que permitiu a adoção dos três irmãos dá conta de que foram seropositivos. Médicos garantem que o relatório é falso, já que a doença não teria desaparecido.
Advogada testemunha
Nídia Magalhães foi testemunha de Alice Gouveia no processo de adoção. Mesmo sabendo que as crianças não eram para ela, aceitou depor.
Justiça vai ainda tentar investigar casos passados
Vinte anos depois, a Justiça vai tentar investigar os casos de adoções ilegais. O Ministério Público já deu conta de que foi aberto um processo, mas não se sabe se todas as situações que têm vindo a público não terão já prescrito. Resta saber também se as crianças adotadas se sentem lesadas e se elas próprias aceitam ir para a Justiça. Só nesse caso é que os processos podem ter alguma viabilidade jurídica. Caso contrário, o processo acaba antes de começar.
Ministério arquivou suspeitas de crime
Em tempo recorde e em apenas uma visita, o Ministério do Trabalho e da Segurança Social arquivou o processo contra o Lar Mão Amiga. A denúncia dava conta de corrupções nas adoções. Nada disso foi, no entanto, investigado.
Explicavam processos de entrega
A IURD voltou anteontem a garantir que todas as adoções foram legais. Sobre o facto de muitos dos processos terem sido assinados por mães que nem sabiam ler ou escrever, a IURD garantiu que todos os passos eram explicados. Realçou a legalidade de todos os procedimentos e garantiu que os passos que se seguiriam eram explicados aos pais. Voltou a assegurar que nenhuma criança foi retirada à família, sem consentimento. E que muitas delas regressaram a casa, quando as mesmas estavam refeitas.
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