Até ao momento, as autoridades confirmaram um total de 88 detenções no seguimento das diligências.
O ano de 2025 até ao dia desta quinta-feira resultou num recorde de 57 presumíveis autores de incêndios florestais dolosos em prisão preventiva, num total de 88 detenções, revelou esta quinta-feira a Polícia Judiciária (PJ).
"Estamos, neste momento, com 88 detenções, tudo incêndios dolosos, que é a nossa competência legal. Dessas 88 detenções, temos 57 indivíduos com medidas privativas de liberdade, que é um número significativo, da ordem dos 65%", disse aos jornalistas Avelino Lima, responsável nacional do Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio (GPAA) aos incêndios florestais da PJ.
"É um recorde em toda a nossa história", acrescentou, notando que este ano o número de ignições foi mais baixo que noutros anos.
Em declarações à margem da conferência "Incêndios Florestais, Conhecer para Combater", inserida nas comemorações dos 80 anos da Polícia Judiciária e que decorre durante o dia desta quinta-feira em Coimbra, o também diretor da Diretoria do Centro de PJ frisou que os dados disponíveis até ao momento são demonstrativos do trabalho de investigação que tem sido realizado, em colaboração com outras entidades, em particular com a GNR.
Por outro lado, o número de grupos de trabalho de redução de ignições sob alçada da PJ, que aumentou de dois para cinco, "ajuda-nos a produzir uma prova mais cabal, mais demonstrativa da responsabilidade do autor [dos incêndios florestais]", explicou.
"E a autoridade judiciária, como é óbvio, com uma prova mais fortificada, não tem qualquer dificuldade -- considerando o tipo de crime, o tipo de perigo que se coloca, os danos para a comunidade -- em colocar estes indivíduos em prisão preventiva e poucos, alguns, em prisão domiciliária", enfatizou Avelino Lima.
O responsável do GPAA vincou ainda outro dado, que também constitui um recorde, que é o número de mulheres detidas (18 em 88) por crime de incêndio florestal, bem como um conjunto de pessoas "bastante seniores, com idades bastante avançadas e por ações dolosas inequívocas".
Manifestando-se preocupado com estes números de incendiários mais idosos, o responsável da Diretoria do Centro precisou ainda que a quase totalidade dos 88 incendiários detidos este ano pela PJ "não é responsável apenas por uma ignição", dado demonstrado nos comunicados que aquela polícia criminal emite, ou seja, uma "lógica de autoria do incêndio ou dos incêndios".
Por outro lado, dados ainda não validados, porque as investigações ainda não estão terminadas, apontam para que dois dos três maiores incêndios ocorridos este ano em Portugal tenham tido causas naturais.
Avelino Lima disse, no entanto, que a maioria dos incêndios florestais em Portugal resulta da ação humana -- seja esta dolosa, cuja competência de investigação é da PJ, ou negligente, "combatida eficazmente pela Guarda Nacional Republicana".
"A nossa comunidade rural, essencialmente, tem uma relação muito próxima e necessidade da utilização corrente do fogo. Como é óbvio, essa utilização, em época de grande risco, não pode ser de forma nenhuma aceite", avisou.
Aludiu ainda à questão do dolo eventual, explicando que se a utilização do fogo é proibida por questões climatéricas muito severas, não é de todo aceitável, independentemente da razão que qualquer cidadão possa ter que haja uso do fogo e, depois, esse uso descambe em desastre, como tem acontecido".
Questionado pela agência Lusa sobre as zonas geográficas do país onde se observaram mais detenções de incendiários, respondeu que esse número é maior nas zonas mais rurais e mais arborizadas, nomeadamente no interior centro e norte.
"Sendo certo que, este ano, já assistimos a detenções na margem sul [do Tejo], bastante significativas", notou.
Apesar de 2025 ainda não ter terminado, e os dados serem, por isso, preliminares, Avelino Lima destacou que trabalho que vem sendo realizado "é o trabalho de um todo".
"Não podemos particularizar nada, nenhum aspeto em concreto. Mas, efetivamente, houve uma maior aposta, um forte investimento em formação, um forte investimento no equipamento, há uma excelente articulação com as outras entidades, o senhor diretor nacional [da PJ, Luís Neves, na sua intervenção na conferência] foi muito claro quanto a isso: já não estamos, há muitos anos, balcanizados, como ele referiu e muito bem, estamos a trabalhar em conjunto, de forma muito séria e construtiva, e isso resulta nos resultados que nós vemos", argumentou.
Sobre os perfis dos incendiários, Avelino Lima observou que estes são construídos ao longo do ano e que os indivíduos identificados este ano vão somar-se aos existentes em "dez anos já decorridos desse trabalho, um trabalho contínuo".
De acordo com o diretor nacional da PJ, Luís Neves, na sua intervenção na conferência desta quinta-feira, o número de perfis de incendiários estudados ascende, no total, a cerca de 900.
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