Administrador saliente que a missão da instituição "é melhorar o acesso da comunidade" aos cuidados de saúde.
O presidente da ULS Amadora-Sintra refutou esta quinta-feira críticas de que o Hospital de Sintra agravou a situação da instituição e assegurou não ter agenda política, mas o que pretende é melhorar o acesso à população, contrariando "interesses instalados".
"O conselho de administração não tem nenhuma agenda política, ao contrário de outros. O que temos é uma missão para cumprir", disse Carlos Sá em entrevista agência Lusa, na sequência das denuncias do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, entre as quais a saída de oito médicos do serviço de urgência e o cancelamento de cirurgias devido à deslocação de profissionais para o Hospital de Sintra.
O administrador rejeitou estas acusações, salientando que a missão da instituição "é melhorar o acesso da comunidade" aos cuidados de saúde, garantindo a segurança, "e, sempre que possível, melhorar as condições de trabalho dos profissionais".
"É essa a nossa missão e é nisso que estamos focados nisso. O resto são interesses que nos ultrapassam e que relativamente aos quais, enfim, não temos nada a dizer, a não ser que lamentamos que se crie algum ruído desnecessário que pode criar alguma insegurança na comunidade, sem razão nenhuma para isso", salientou.
A dirigente do sindicato Tânia Russo disse que "para se abrir uma sala de bloco operatório no Hospital de Sintra, são encerradas três salas no HFF com cancelamento das respetivas cirurgias, inclusive oncológicas".
Carlos Sá refutou esta acusação, avançando que, este mês, até ao dia 12, foram realizados 124 tempos de bloco operatório, nove dos quais no Hospital de Sintra, mais dois do que no mesmo período do ano passado, que foi "o melhor ano de sempre" da atividade cirúrgica, com a realização de 21.726 cirurgias, mais 14% do que em 2023.
"Portanto, não é verdade que haja redução da atividade cirúrgica", disse, desafiando o sindicato a apresentar esses dados à administração, porque, assim, "são apenas afirmações vagas, generalistas e que não correspondem à realidade".
Relativamente às escalas nas urgências, Carlos Sá disse que julho foi o mês de abertura do novo hospital, tendo sido necessárias "algumas adaptações". Contudo, em agosto, "a maioria, se não a totalidade dos turnos", já será realizada por profissionais que não são do Hospital Fernando Fonseca (HFF").
Até à data desta quinta-feira, elucidou, apenas um dos 28 turnos (manhã e noite) foi realizado pelo diretor de serviço do HFF.
Segundo o administrador, o serviço de urgência do Hospital de Sintra é assegurado por cinco médicos que transitaram da anterior urgência básica de Algueirão Mem-Martins, uma médica do HFF que optou por ir para o novo hospital e uma "grande parte" por prestadores de serviço.
Quanto à saída de oito médicos do serviço de urgência nos últimos dois meses, Carlos Sá comentou que, "mais uma vez, se está no campo das meias verdades".
Disse que, desde que os 19 médicos do Serviço de Urgência Geral escreveram uma carta aberta, em 24 de julho, dirigida à administração, a alertar para o risco de rutura iminente do serviço, foram duas médicas com contrato individual de trabalho que apresentaram demissão, mas ainda estão no hospital.
Sobre os impactos da reorganização dos serviços, o administrador, que assumiu funções há cerca de cinco meses, disse ser cedo para poder tirar uma conclusão: "O que queremos é mudar a forma como a urgência tem funcionado e que todos sabemos que não é ideal", para evitar que no futuro haja tempos de espera de 18, 19, 20 horas.
"Durante os últimos 15 anos a urgência esteve organizada de uma determinada forma que nós queremos alterar, através da constituição de um Centro de Responsabilidade Integrada (CRI)", que a ULS pretende concretizar até ao final do ano.
Segundo o administrador, "a grande alteração" introduzida com o CRI será ter "uma equipa fixa" que "funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, e não como até agora, entre as 08h00 e as 04h00 da tarde, maioritariamente, e de segunda a sexta", situação que "está na origem de todo este problema".
"Um grupo significativo de profissionais tem um contrato que lhes permite apenas trabalhar" neste horário e não quer trabalhar noutros, disse, acrescentando: "As pessoas têm um contrato, têm o direito de exigir o cumprimento desse contrato e se não estão satisfeitos, saírem. Agora, o que nós queremos (...) é melhorar o acesso da população aos cuidados de saúde".
Realçou ainda a importância do Hospital de Sintra para aumentar a capacidade de resposta à população, mas disse não ser possível de "um dia para o outro" contratar 59 médicos.
"Se temos um hospital em Sintra, aberto, equipado, faz ou não faz mais sentido que seja o médico a deslocar-se lá para que dezenas de cidadãos não tenham que o fazer para Amadora", questionou, lamentando que haja um "braço de ferro".
"É um braço de ferro porque durante 30 anos se montou uma cultura de funcionamento que agora está a ter que ser mexida e há, como habitualmente nas organizações, resistência à mudança e tudo o que pode mexer com interesses instalados leva a este tipo de situações", lamentou.
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