Mulheres registaram em 2025 uma presença de 26% nas notícias de jornais, televisão, rádio e digital.
Apenas um em cada quatro sujeitos ou fontes de notícia em todo o mundo é uma mulher, conclui um estudo divulgado esta quinta-feira, assinalando que a presença feminina na informação tem aumentado, mas lentamente, nas últimas três décadas.
Segundo o mais recente relatório do Global Media Monitoring Project (GMMP), esta quinta-feira divulgado e que se realiza a cada cinco anos, as mulheres registaram em 2025 uma presença de 26% nas notícias de jornais, televisão, rádio e digital -- apenas mais um ponto percentual do que no anterior relatório, de 2020.
"Metade do mundo, um quarto das notícias" foi o título escolhido pelo GMMP -- iniciativa da organização não-governamental World Association for Christian Communication -- para o lançamento da sétima edição do mais antigo retrato sobre a representação das mulheres nos media realizado em todo o mundo.
Em 1995, quando o GMMP fez o primeiro relatório, a presença feminina cifrou-se em 17%, apenas nove pontos percentuais atrás do presente, o que leva Rita Basílio, coordenadora do relatório realizado em Portugal, a assinalar "um ritmo [de evolução] extremamente lento".
Mesmo os meios digitais, onde se regista uma percentagem de representação feminina ligeiramente superior (28%), têm estabilizado, pois já era esse o número em 2020.
Em termos temáticos, as notícias de ciência e saúde são aquelas onde a presença feminina tem crescido de forma mais significativa, atingindo os 36% em 2025.
Já a informação sobre política e governo "ainda reflete uma significativa exclusão", reflete Rita Basílio. Aqui, a percentagem de mulheres fica-se pelos 22%, ainda que partindo de uns residuais 7% em 1995.
A coordenadora nacional destaca ainda que o relatório deste ano desdobrou o tema cultura e desporto em duas partes, permitindo revelar o contraste entre 43% de mulheres em áreas com celebridades, artes e media e apenas 15% em desporto.
Além do número em si, o relatório olha para o estatuto dos sujeitos de notícia, ou seja, em que papel são ouvidos.
Ora, as mulheres continuam mais visíveis como pessoas comuns, falando da experiência pessoal (43%) ou enquanto opinião popular (46%), e menos como porta-vozes (23%) ou especialistas (23%) -- neste último caso uma descida face aos 24% registados em 2020.
Estes dados -- assinala Rita Basílio -- revelam que a voz das mulheres "continua a ser minoritariamente reconhecida em posições de poder e conhecimento, o que limita a diversidade de perspetivas no debate público e perpetua a reprodução de estereótipos de género".
Ora, isto acontece quando se verifica uma cada vez maior presença de mulheres nas redações: em 1995, apenas 28% das notícias eram assinadas por mulheres, número que cresceu para 41% em 2025 (43% no caso dos meios digitais).
A coordenadora da Secção de Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra conclui, por isso, que "a presença de mulheres nas redações é importante, mas não é uma garantia de mudanças estruturais".
E acrescenta que "o conteúdo transformador continua a ser residual, considerando que apenas 2% das notícias desafiam estereótipos de género e somente 8% destacam tópicos relacionados com igualdade ou desigualdade de género".
Perante este cenário, a professora universitária e investigadora realça que "apenas boas intenções não bastam" e que "são necessárias políticas editoriais explícitas para acelerar a mudança".
Os resultados do GMMP mostram que "a igualdade não é uma conquista automática do tempo, mas o fruto de escolhas deliberadas", nota, apelando ainda a "mecanismos de monitorização contínua e investimento consistente em formação com perspetiva de género para jornalistas".
Os resultados divulgados, esta quinta-feira, dizem respeito apenas ao contexto global, cabendo a cada país divulgar o que apurou a nível nacional.
No caso de Portugal, a divulgação dos dados -- que incluirá a análise de notícias produzidas pela agência Lusa -- está prevista para outubro/novembro.
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