page view

Diretores consideram preocupante indisciplina na sala de aula

Presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas lamentou a falta de valorização da carreira docente.

07 de outubro de 2025 às 16:50

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep) considerou esta terça-feira a indisciplina na sala de aula "uma das grandes preocupações" no ensino e lamentou a falta de valorização da carreira docente.

Filinto Lima falava à Lusa após serem conhecidas as conclusões do relatório 'TALIS 2024 - Teaching and Learning International Survey', o maior inquérito internacional sobre professores, em que participaram mais de 280 mil docentes de 55 sistemas de educação.

O TALIS concluiu que os professores das escolas portuguesas são dos mais satisfeitos com o seu trabalho entre os da OCDE, apesar de 27% dos docentes jovens ponderarem abandonar a profissão nos próximos cinco anos, e que um em cada três queixa-se do ruído e desordem nas aulas.

O presidente da Andaep sublinhou que as conclusões do inquérito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) não são surpreendentes.

"Estávamos à espera dos resultados que foram apresentados. A indisciplina é uma das grandes preocupações de todos nós, professores e diretores, a par da burocracia que reina nas escolas", afirmou Filinto Lima, acrescentando que a avaliação de desempenho também é um sistema no qual "ninguém se reconhece".

Para Filinto Lima, os dados sobre a indisciplina escolar "pecam por defeito".

"Só um terço dos professores se queixaram da indisciplina e o preço pago peca por defeito. É um trabalho que as escolas estão a fazer com os professores e é um trabalho que os nossos pais também têm de fazer. A sociedade não valoriza atualmente a profissão de professor", realçou.

O responsável referiu que é essencial rever o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, documento com mais de 13 anos, que considerou desatualizado.

"E é preciso ser mais flexível, porque muitas vezes as escolas viram autênticos tribunais, porque os diretores têm de nomear um instrutor do processo, temos que cumprir prazos que são muito apertados, e, de facto, nós nas escolas não temos juízes, nem temos advogados. Temos professores. Muitos deles não estão habilitados para conduzir o processo disciplinar", precisou.

O presidente da Andaep lamentou ainda os baixos vencimentos dos professores, nomeadamente daqueles que se encontram nos primeiros escalões da carreira, ressalvando que "durante muitos anos a classe docente em Portugal foi desprezada" e que muitos jovens ponderam abandonar a carreira.

"Estou convicto que, com a melhoria das condições de trabalho, com a diminuição da burocracia, com o aumento do vencimento e outras medidas que possam valorizar e dignificar a carreira docente, podemos inverter este cenário", vincou.

Apesar dos problemas, o presidente da Andaep destacou um aspeto positivo do estudo: a relação profissional e humana dentro das escolas.

"A relação profissional dos professores com a escola, com os pais e com os diretores é muito positiva e está muito acima da média dos países da OCDE. É um orgulho para nós. Nós, diretores, também somos professores e temos todo o carinho pelos colegas que, todos os dias, dão o melhor de si para fazer da escola pública um baluarte de sucesso", frisou.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8