Estudo europeu reflete a forma como os portugueses olham para a violência doméstica.
Mais de metade das portuguesas reconhece que a violência contra mulheres é "muito comum" em Portugal, apesar de 62 por cento garantirem não conhecer casos no círculo familiar e de amigos, revela um estudo europeu.
Segundo a pesquisa da Agência para os Direitos Fundamentais da União Europeia (UE), realizada em 2012 e cujos resultados foram divulgados na terça-feira, 93 por cento das portuguesas constatam que a violência contra mulheres em Portugal é "muito comum" (60 por cento) ou "bastante comum" (33 por cento).
Esta constatação da violência contra as mulheres está bastante acima da média europeia: 78 por cento das cidadãs da UE reconhecem que os abusos contra mulheres são "muito comuns" (27 por cento) ou "bastante comuns" (51 por cento).
Apesar da elevada perceção que as portuguesas têm da violência de género (o dobro da média da União Europeia), 62 por cento das inquiridas garantem não conhecer quaisquer casos no seu círculo familiar e de amigos, número que aumenta para 80 por cento no que diz respeito aos círculos laboral e estudantil.
Por outro lado, ainda há 30 por cento de portuguesas que desconhecem a existência de leis que protegem as mulheres vítimas de violência doméstica e 34 por cento não sabem que há leis e políticas nacionais de prevenção. Já as campanhas de informação contra a violência doméstica são do conhecimento de 70 por cento das portuguesas, número acima da média europeia de 50 por cento.
Na sequência da mais grave agressão física e/ou sexual cometida pelo parceiro, as portuguesas recorrem mais do que a média das europeias à polícia e ao hospital. Quando não o fazem, a principal razão é considerarem o caso um "assunto privado", que "conseguem resolver sozinhas".
O número global da violência de género no espaço da União Europeia é "chocante", como reconheceram os responsáveis pelo estudo, num seminário em Bruxelas: uma em cada três mulheres da UE foi vítima de pelo menos um episódio de abuso sexual, físico ou psicológico. Nos 12 meses anteriores à realização do estudo, 3,7 milhões de mulheres sofreram violência sexual e 13 milhões foram alvo de violência física.
Apesar de Portugal estar entre os dez países com menos vítimas, o número não deixa de ser igualmente "chocante": perto de um quarto das portuguesas tem pelo menos um caso de agressão para contar.
O maior estudo sobre violência de género alguma vez realizado na UE - baseado em 42 mil entrevistas a mulheres de todos os 28 Estados-membros - revelou que o cenário não mudou significativamente, apesar das campanhas, e persiste um forte pendor de género: 97 por cento das vítimas de violência sexual, física ou psicológica são mulheres.
"É uma chamada de alerta: a violência afeta praticamente todas as mulheres", resumiu a investigadora Joanna Goodey, entrevistada pela Lusa, recentemente, em Viena de Áustria, sede da FRA.
O estudo deixa algumas recomendações, nomeadamente a necessidade de formar os profissionais de saúde "para saberem ler os sinais", já que a "grande maioria" das mulheres recorrem aos serviços de saúde quando querem denunciar um caso de maus tratos.
A maioria das mulheres inquiridas mostrou-se favorável a que os médicos questionem, em consultas de rotina, as pacientes que apresentem sinais de terem sido vítimas de violência, sendo que as portuguesas estão entre as que mais apoiam a iniciativa, com 97 por cento.
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