Doença, forma mais comum de demência, não tem cura.
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Estudos sobre a memória em doentes com demência e novos tratamentos para a Alzheimer e as lesões na medula espinal foram distinguidos pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com três prémios na área das neurociências, foi esta quinta-feira divulgado.
Os prémios Mantero Belard e Melo e Castro 2017, no valor de 200 mil euros cada um, foram atribuídos respetivamente aos investigadores Maria José Diógenes (Instituto de Medicina Molecular de Lisboa) e António Salgado (Universidade do Minho).
No valor de 40 mil euros, o Prémio João Lobo Antunes, entregue pela primeira vez este ano, foi para o neurologista Bruno André Miranda. Os três vencedores foram divulgados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que promove os prémios.
A equipa de Maria José Diógenes está a estudar num novo tratamento para a doença de Alzheimer e na identificação de um novo biomarcador (indicador do estado de uma patologia).
A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, não tem cura. Os medicamentos atualmente administrados aos pacientes "são escassos e não resolvem o problema", vincou a cientista à Lusa.
Em estudos anteriores, o seu grupo de trabalho verificou que o funcionamento de uma determinada proteína do cérebro - fator neurotráfico derivado do cérebro - está desregulado nos doentes de Alzheimer, porque o recetor que a ativa "é cortado", formando-se "dois fragmentos" aparentemente tóxicos.
A proteína, que nestes doentes está alterada, "protege o sistema nervoso", ajudando os neurónios (células cerebrais) a manterem-se saudáveis.
A equipa de Maria José Diógenes 'desenhou' uma molécula, já testada em culturas de neurónios de ratos, que impede a alteração na funcionalidade da proteína.
Agora, pretende testar a substância, que poderá ser promissora no tratamento da Alzheimer, em roedores vivos com a doença.
Além disso, a investigadora quer perceber, através de amostras de cérebros de pessoas com Alzheimer que morreram, qual o padrão da alteração da proteína (fator neurotráfico derivado do cérebro).
Maria José Diógenes propõe-se ainda pesquisar se no líquido cefalorraquidiano, que é recolhido da medula espinal dos doentes através de uma punção lombar, é possível encontrar um novo biomarcador da Alzheimer e correlacioná-lo com a evolução da patologia.
O grupo liderado pelo investigador António Salgado, da Universidade do Minho, vai testar em ratos e em cães um novo tratamento combinado para lesões da medula espinal, na origem das paraplegias e tetraplegias, que se traduzem na impossibilidade de execução de movimentos como o levantar e o andar.
Um dos coordenadores do trabalho, Nuno Silva, explicou à Lusa que a equipa vai usar um medicamento, o Riluzol, para "proteger o tecido neuronal" e "promover a regeneração do tecido nervoso com células estaminais" (células que se podem diferenciar noutras e se autorrenovarem) e com biomaterais, neste caso um novo hidrogel.
Com este hidrogel, as células estaminais "conseguem crescer e sobreviver mais tempo e regenerar o tecido", esclareceu o cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho.
A terceira componente do tratamento consiste na estimulação epidural (estimulação elétrica de baixa intensidade da medula espinal).
Para Nuno Silva, especialista em medicina regenerativa, uma lesão "tão complexa" como a da medula espinal tem de ser abordada em "várias frentes".
Neurologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Bruno André Miranda propõe-se testar de que modo a memória episódica (a associada a acontecimentos pessoais) e a generalizada (a que está ligada ao conhecimento culturalmente partilhado e baseado em conceitos) contribuem para o planeamento futuro do dia-a-dia, da tomada de uma decisão, e de que como esse planeamento é afetado na demência.
"A demência não é um problema da memória, mas é um problema do uso da memória para o planeamento futuro das tarefas do dia-a-dia", assinalou à Lusa o médico e investigador, que vai trabalhar com dois tipos de demências, a doença de Alzheimer e a demência frontotemporal.
Bruno André Miranda irá estudar grupos de doentes com Alzheimer e demência frontotemporal sujeitando-os a testes neuropsicológicos, questionários de pensamento passado e futuro e tarefas de decisão. Os resultados obtidos serão correlacionados com as zonas do cérebro responsáveis pela memória episódica e generalizada.
O Prémio Mantero Belard distingue a investigação científica ou clínica em doenças neurodegenerativas ligadas ao envelhecimento, como Alzheimer e Parkinson, enquanto o Prémio Melo e Castro é para trabalhos que potenciem a recuperação e o tratamento de lesões vertebro-medulares.
O Prémio João Lobo Antunes, criado em 2016 em homenagem ao neurocirurgião com o mesmo nome falecido nesse ano, destina-se, na generalidade, à investigação clínica na área das neurociências.
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