"Penso que esta é uma vantagem que os europeus têm pois estão a colocar barreiras sensatas para que as pessoas possam confiar nela", afirmou.
O escritor e ex-correspondente do NY Times em Silicon Valley, Gary Rivlin, considera, em entrevista à Lusa, que a regulação europeia da IA é necessária e lamenta que Silicon Valley já não dê atenção à confiabilidade e segurança.
"Acho que é necessário", afirma o membro da equipa vencedora do Pulitzer 2017 responsável pela investigação Panama Papers, quando questionado pela regulação europeia sobre inteligência artificial (IA).
"Um erro que Silicon Valley está a cometer é que já não está a prestar atenção à confiabilidade e à segurança", indicou o autor de várias dezenas de livros, entre os quais o 'AI Valley', que esteve em Lisboa a convite da RedBridge Lisbon, no âmbito dos encontros mensais que promove.
"Quando iniciei este projeto ['AI Valley'] em 2022, a confiabilidade e a segurança eram uma grande preocupação, eram o foco principal de todas estas empresas", mas de repente deixou de ser, lamenta o norte-americano.
De repente, "é uma corrida ao armamento da IA e a confiabilidade e a segurança foram postas de lado, reduziram as suas unidades" e colocaram o pessoal que trabalhava nestas áreas a fazer outras coisas, aponta, referindo que "há muita apreensão em torno da IA".
"Penso que esta é uma vantagem que os europeus têm pois estão a colocar barreiras sensatas para que as pessoas possam confiar nela".
Os agentes de IA são algo que se fala agora, "esta ideia de que todos teremos um assistente pessoal como só os ricos podem ter", prossegue. Ora, um assistente pessoal saberá tudo sobre si, mas será que confio nele se forem as mesmas grandes empresas tecnológicas que não estão realmente a prestar atenção às questões de confiabilidade e segurança, questiona Rivlin.
Além disso, "não sei o que será, mas garanto que algo de grande vai correr mal" e nessa altura haverá pânico.
Depois há questões sobre se se deve usar a IA para vigilância, para a guerra, para manipular.
"Fico feliz que haja pessoas por aí a ter este tipo de debates", diz Gary Rivlin.
Sobre o papel da Europa, defende que tem 'know-how' e empresas de IA, dando o exemplo da francesa Mistral, que "é muito importante no 'open source' [código aberto]". Ou seja, disponibiliza o código dos seus modelos de IA.
A Mistral pode ser "considerada a líder em código aberto" e depois há a plataforma Hugging Face, que tem duas sedes, uma delas europeia. Refere ainda a DeepMind, "a primeira grande 'startup' de aprendizagem automática ['machine learning']", fundada em Londres em 2010 e adquirida pela Google em 2014", sublinhando que "há muito talento" na Europa.
Aponta que Yann LeCun e Geoffrey Hinton, "dois dos maiores nomes de 'machine learning', dois dos três padrinhos da IA, são europeus. Yann LeCun é natural de França. Jeff Hinton é natural de Inglaterra".
Quando começou a escrever sobre o tema, Rivlin considerava que os EUA lideravam, mas não tinham uma vantagem instrumental sobre a China e agora a disputa está a estreitar-se.
"Acho que a grande vantagem da China" será na energia, estão a aumentar a capacidade, dado que a IA tem um elevado consumo energético, o que começou "a sobrecarregar a rede elétrica nos EUA ao ponto de eu pensar que vai começar a ter falhas de energia e coisas do género nos próximos anos", admite.
A China fez o contrário, "na verdade, estão a adicionar mais capacidade equivalente à dos Estados Unidos a cada 18 meses e nós, nos EUA, estamos a acrescentar alguns gigabytes por ano. Portanto, sim, vai ser uma competição renhida", salienta.
Mas existem muitas corridas ao mesmo tempo, em categorias diferentes.
Neste momento, "os 'chips' dos Estados Unidos são de longe os preferidos", mas "isso pode mudar".
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