Construir uma casa em metade do tempo e por um preço mais acessível, é possível?
12 de novembro de 2025 às 09:48O conceito das casas pré-fabricadas promete eficiência, modernidade e sustentabilidade num único pacote. À primeira vista, parece o sonho de quem quer fugir à burocracia e aos atrasos das obras tradicionais. Mas será tudo assim tão simples?
Quando chega o momento de pedir licenças, tratar do financiamento ou submeter o projeto à câmara municipal, muitos descobrem que a realidade pode ser um pouco diferente. Afinal, será que estas casas estão isentas de licenciamento? E será que os bancos as equiparam a uma construção convencional?
Júlio Quintela, da Zome, explica, com base na legislação e na experiência prática, o que realmente se aplica às casas pré-fabricadas, desde a compra do terreno ao crédito bancário. Licenciado em Gestão de Marketing pelo IPAM, Júlio Quintela soma mais de 15 anos de experiência nas áreas de marketing, vendas e crescimento empresarial, tanto em Portugal como no estrangeiro. Passou por empresas globais como a Samsung, TomTom, Amazon, Walmart e Best Buy, e em 2021 fundou o HUB Zome Vila Nova de Gaia, dando início ao seu percurso no setor imobiliário. Em 2024 integrou a Zome Internacional como chief operations officer, com o objetivo de reforçar a excelência operacional e impulsionar o crescimento estratégico da rede.
1. O financiamento bancário não é automático
Muitos acreditam que o banco financia o terreno e, depois, a casa. Na prática, o processo é bem mais rigoroso. Sem um projeto aprovado pela câmara municipal, é praticamente impossível conseguir crédito à habitação. Os bancos exigem licenças e garantias de viabilidade urbanística antes de libertarem o dinheiro.
Dica: Antes de comprar o terreno, confirme na câmara se é possível construir lá. E só depois avance com o projeto.
Além disso, projetos com métodos construtivos inovadores, como as pré-fabricadas, costumam ser analisados com mais detalhe, o que pode atrasar a aprovação do financiamento.
2. “Pré-fabricada” não significa “sem licença”
É um dos maiores mitos. O facto de uma casa ser montada e não construída no local não a isenta de licenciamento. Sempre que há fundações, estruturas fixas e utilização para habitação permanente, aplica-se o regime legal normal. Ou seja, é preciso projeto, aprovação da câmara e licenças, tal como numa construção tradicional. As únicas exceções são estruturas temporárias ou desmontáveis, usadas por curtos períodos e, mesmo assim, precisam de validação da autarquia.
3. Isolamento e conforto: depende da qualidade, não do método
Há quem pense que as casas pré-fabricadas são “pouco sólidas” ou “mal isoladas”. Falso. O desempenho térmico e acústico depende dos materiais e técnicas utilizadas, não do facto de serem pré-fabricadas.
Hoje, muitas empresas oferecem soluções de alto desempenho energético, com painéis sustentáveis e isolamento de última geração. O problema surge quando se corta no investimento para reduzir custos – e aí sim, o conforto pode ficar comprometido.
Nota: Num mercado cada vez mais exigente, apostar em qualidade é também garantir valorização futura.
4. O projeto de arquiteto é obrigatório, mas também fundamental
Sempre que há lugar a licenciamento, um arquiteto tem de assinar o projeto. É o arquiteto que assegura que o imóvel cumpre as normas legais: desde acessibilidade e segurança até conforto térmico e eficiência energética. Ignorar este passo é arriscado. Sem projeto validado, a casa pode não ser legalizável – e isso significa problemas sérios quando quiser vender ou pedir financiamento.
Em suma, a construção pré-fabricada pode ser uma das grandes respostas aos desafios atuais da habitação em Portugal: mais eficiência, menos desperdício e prazos curtos. Mas a rapidez não dispensa o rigor.
Construir o futuro não é fugir às regras. É saber aplicá-las com inteligência e inovação. E quando o processo é bem feito, o resultado é uma casa moderna, legal, sustentável e pronta para durar.
Este conteúdo foi produzido pela ZOME.