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Crédito à habitação divide portugueses: entre quem avança e quem fica para trás

Entre juros estáveis e casas cada vez mais caras, o acesso à habitação expõe uma divisão crescente entre portugueses.

23 de dezembro de 2025 às 13:13

O mercado imobiliário português vive um momento de contrastes. De um lado, as taxas de juro deram sinais de estabilização, com a taxa implícita no crédito à habitação a fixar-se em outubro, nos 3,18%. Do outro, os preços das casas continuam a subir a um ritmo acelerado, com uma valorização média de 19% no último ano. O resultado? Um país dividido entre quem consegue comprar e quem é forçado a recuar.

Quem continua a comprar casa?

Apesar do contexto desafiante, há perfis que ainda conseguem avançar com a compra de habitação. Destacam-se dois grupos principais: famílias com estabilidade financeira e capacidade de poupança e jovens até aos 35 anos que beneficiam de medidas de apoio à primeira habitação.

Nos primeiros meses de 2025, mais de metade dos novos contratos de crédito à habitação foram assinados por jovens deste último grupo. O receio de novas subidas de preços ou de alterações nas condições bancárias tem acelerado decisões que, em outros tempos, seriam mais ponderadas.

Júlio Quintela, COO da Zome, também nota que os estrangeiros continuam a ter um peso relevante no mercado. Com maior poder de compra, pagaram em média 2.750 euros por metro quadrado no segundo trimestre, contra 2.042 euros pagos pelos portugueses. "Investem tanto em zonas nobres como em áreas com potencial e qualidade de vida", afirma.

Quem recua? E porquê?

Do lado oposto estão os que veem o sonho da casa própria cada vez mais distante: famílias de rendimento médio, jovens sem apoio familiar e trabalhadores com vínculos laborais instáveis.

Segundo a Zome, para estes, a combinação de preços elevados, necessidade de uma entrada inicial significativa e o receio de prestações ainda mais altas no futuro funciona como um travão. Muitos optam por adiar a decisão de compra, prolongar o arrendamento ou até regressar à casa da família.

Mais receios do que taxas

Apesar das taxas de juro estarem estáveis, os valores das casas obrigam a recorrer a créditos mais elevados, mantendo as prestações mensais em níveis difíceis de suportar. "A incerteza económica, a inflação e o custo de vida pesam tanto como os números do banco", acrescenta o responsável da Zome.

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Dois mercados num só país

A diferença de realidade entre compradores nacionais e estrangeiros está a criar um mercado a duas velocidades. De acordo com a Zome, enquanto os portugueses dependem fortemente do crédito bancário e dos rendimentos, muitos estrangeiros compram com capitais próprios ou beneficiam de condições de financiamento mais favoráveis nos seus países de origem.

Como Júlio Quintela nota, a consequência é um "mercado desigual, com ritmos e expectativas diferentes".

E agora?

Os especialistas têm antecipado uma desaceleração da subida dos preços ao longo de 2025, com aumentos estimados entre 5% e 8%, mas sem estimar descidas. A Comissão Europeia foi mais longe e aponta para uma sobrevalorização superior a 35% no mercado imobiliário português.

Num cenário de incerteza económica, o consenso é claro: comprar casa exige hoje mais do que vontade. Exige planeamento, estabilidade e uma visão de longo prazo. Segundo a Zome, estes são, assim, fatores que, cada vez mais, estão a separar quem consegue entrar no mercado de quem é obrigado a ficar à espera.


Este conteúdo foi produzido pela ZOME.

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