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Esclerose múltipla: novos tratamentos dão esperança

Entre oito mil a 10 mil portugueses, muitos deles com menos de 40 anos, vivem com esclerose múltipla — uma doença que pode surgir do nada e roubar futuro. Alexandre Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, fala das novas terapêuticas de alta eficácia que estão a travar a doença logo no início e a dar à vida uma segunda oportunidade.

06 de dezembro de 2025 às 09:00

Estima-se que existam entre 8000 a 10 mil portugueses a viver com esclerose múltipla, uma doença que pode levar à incapacidade progressiva e afeta principalmente jovens adultos entre os 20 e os 40 anos, numa fase decisiva das suas vidas, quando se constroem carreiras, famílias e projetos de futuro.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), Alexandre Silva, fala com experiência própria e explica como é viver com esta doença autoimune e neurodegenerativa. “Viver com Esclerose Múltipla é, antes de mais, aprender a lidar com a imprevisibilidade”, afirma, lembrando que o impacto se sente no corpo, nas emoções e no trabalho.

Para muitos, diz, a adaptação é diária e exige reorganizar prioridades ou pedir ajuda. Ainda assim, garante que o diagnóstico não significa desistir da vida. “O impacto é real, mas não é sinónimo de desistência.” “Com o acompanhamento certo, com empregadores informados e políticas de inclusão efetivas, é possível continuar a trabalhar, a estudar, a participar e a contribuir plenamente. É isso que a SPEM defende: que cada pessoa com EM possa viver com dignidade, autonomia e esperança”, salienta Alexandre Silva.

A doença não atinge apenas quem a tem. O dirigente destaca o peso sentido pelos cuidadores, muitas vezes familiares que assumem esse papel sem preparação. “Quando alguém tem EM, toda a família é afetada”, recorda Alexandre Silva, defendendo mais formação, apoio psicológico e medidas que permitam conciliar o cuidado com a vida profissional.

“Tempo é cérebro”

Num contexto em que a ciência avança rapidamente, o presidente da SPEM reforça a importância das terapêuticas de alta eficácia (TdAE) logo após o diagnóstico. “O tempo faz toda a diferença”, diz. “Na EM, cada lesão que se evita é uma oportunidade de preservar funções e qualidade de vida. É por isso que dizemos que “tempo é cérebro””.

Iniciar TdAE desde o início “pode significar menos surtos, menos inflamação e, a longo prazo, menos incapacidade.” Mas alerta: o acesso não é igual em todo o país. “Temos de garantir que cada pessoa, independentemente do local onde vive, tem acesso ao que a ciência já permite.”

Alexandre Silva, da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, aborda novos tratamentos
Alexandre Silva, da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, aborda novos tratamentos FOTO: CStudio
                 Na EM, cada lesão que se evita é uma oportunidade de preservar funções e qualidade de vida. É por isso que dizemos que ‘tempo é cérebro’
Alexandre Silva

Presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM)

Mais campanhas e informação

A literacia em saúde continua a ser um desafio para doentes e famílias e “é uma das chaves para mudar o futuro das pessoas com Esclerose Múltipla”, defende. “Informação clara, acessível e credível ajuda a compreender melhor a doença, a reconhecer sinais de alerta e a participar nas decisões sobre o tratamento”.

A sensibilização pública é igualmente essencial: “quanto mais se fala da EM, menos espaço há para o estigma e para o isolamento”, frisa.

A SPEM tem investido em campanhas, sessões informativas e testemunhos reais para aproximar a sociedade da realidade da doença.

A heterogeneidade da esclerose múltipla obriga a seguir cada caso de forma personalizada. “Nenhuma pessoa com EM é igual a outra”, destaca, explicando que tratar a doença não é apenas prescrever um medicamento, mas compreender o estilo de vida e as metas de cada doente. “Uma abordagem individualizada garante melhores resultados e mais qualidade de vida”.

Novas terapêuticas

Os tratamentos disponíveis hoje representam uma mudança profunda. “Vivemos um tempo de esperança”, afirma. As novas terapêuticas têm capacidade para reduzir de forma muito significativa os surtos e travar a progressão da incapacidade — algo impensável há vinte anos. Mas o sucesso depende do momento em que o tratamento começa, reforça Alexandre Silva, defendendo acesso equitativo e vigilância contínua para que seja possível “manter estabilidade e qualidade de vida durante muitos anos”.

A SPEM advoga mudanças em Portugal para que se atinjam esses objetivos. “Portugal tem profissionais de excelência, mas continua a enfrentar desigualdades no acesso”.

As prioridades passam por “diagnóstico rápido, equipas multidisciplinares reforçadas e políticas que coloquem o doente no centro”.

“O tratamento certo no momento certo não é um privilégio — é um direito”, conclui.

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