Medidas tímidas e execução lenta mantêm pressão sobre oferta habitacional, apesar de oportunidades no setor
19 de dezembro de 2025 às 16:46O Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) chega num momento em que Portugal continua a enfrentar uma crise de oferta habitacional que não se resolve com medidas isoladas. Segundo o CEO da Zome, Carlos Santos, o “mercado imobiliário vive pressionado pela escassez de produto, pela diferença crescente entre rendimentos e preços e por uma máquina administrativa que frequentemente atrasa projetos e desmotiva investidores”. O responsável nota como o documento introduz alguns ajustamentos com impactos limitados, mas também permite refletir sobre verdadeiras oportunidades e respostas do setor imobiliário.
O OE2026 introduz algumas alterações fiscais que podem influenciar a confiança do mercado, mais do que os números imediatos. A redução adicional do IRS e o aumento do mínimo de existência “dão algum fôlego às famílias e podem ajudar alguns compradores que já estavam perto de conseguir crédito”, aponta o líder da imobiliária 100% nacional. Trata-se, porém, de um alívio moderado e “sem alterar o essencial”: a compra continua condicionada pelo esforço inicial, pelo custo do financiamento e pela falta de oferta.
Do lado dos investidores internacionais, Portugal mantém atributos competitivos, mas perde pontos em previsibilidade fiscal e prazos de execução. “O capital procura estabilidade e velocidade, e hoje Portugal oferece apenas uma parte dessa equação”, remata Carlos Santos.
Se os incentivos fiscais previstos no OE2026 podem ajudar a viabilizar projetos, não resolvem a carga burocrática que trava tanto a construção nova como a reabilitação. Há discrepâncias significativas entre municípios: enquanto algumas câmaras decidem processos em poucos meses, outras podem arrastar decisões.
“Enquanto Portugal não assumir a agilidade administrativa como prioridade, continuará a perder investimento para geografias que tratam a habitação como elemento estratégico da economia”, sublinha Carlos Santos, notando que países concorrentes já digitalizaram totalmente os processos urbanísticos.
Apesar das limitações, existem oportunidades reais, ainda que condicionadas. A reabilitação urbana continua a ser o nicho mais sólido, devido à estabilidade dos regimes fiscais, permitindo, assim uma previsibilidade mínima.
Carlos Santos destaca como a habitação acessível pode ganhar alguma tração, sobretudo em solos municipais disponíveis e com vontade política para acelerar processos. “Mas não se antecipa uma revolução”.
Já o arrendamento de longa duração mantém procura constante e contínua sobretudo dirigida para investidores prudentes, enquanto a construção nova só é viável em zonas onde o preço final compensa atrasos e custo de capital.
Diante deste contexto complexo, a preparação das equipas torna-se crítica. Na Zome, destaca-se que “o aconselhamento imobiliário tem hoje uma exigência muito superior ao passado. O cliente precisa de clareza sobre custos fiscais, regimes legais, impostos de transação, modelos de arrendamento e impacto das novas medidas”.
Por isso, a empresa tem reforçado a formação interna e criou suporte especializado em tempo real, envolvendo fiscalistas e juristas. Aliou à experiência dos consultores, a tecnologia e a inteligência artificial para agilizar comparações de custos, simulações de esforço e análise financeira rigorosa. O objetivo é transformar complexidade em clareza e permitir decisões informadas.
“O OE2026 não altera estruturalmente o setor, mas mantém vivas algumas áreas com oportunidades para quem sabe identificar nichos com rigor e realismo”, conclui Carlos Santos, para quem “o país não precisa apenas de medidas, precisa de execução. Precisa de casas. E cada dia que um projeto demora é um dia perdido para famílias que procuram soluções e para investidores que querem construir valor. É neste compromisso com a ação que queremos continuar a marcar a diferença”.
Este conteúdo foi produzido pela ZOME.